POR QUE O ANO É NOVO? PENSANDO O TEMPO

PENSANDO O TEMPO


Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para adiante vai ser diferente.
Roberto Pompeu de Toledo, jornalista.

Na época em que mais um ano velho morre, para logo nascer outro novo, esse pensamento do grande poeta mineiro norteará o presente texto. Para tal abordaremos os costumes e símbolos ligados à passagem de ano.

Universalmente festejado desde tempos antigos - o Ano-Novo - independente da data em que é comemorado, marca a transição de um ciclo de vida para outro, fechando um capítulo e abrindo outro no misterioso livro da existência.

As datas variam em função do país, fatores climáticos, conjunções planetárias, posição de determinada estrela, mudanças de estações, festas religiosas, datas do calendário agrícola ou pastoril, enchentes de rios, chegadas das monções ou das chuvas [...]. Por outro lado, a noção de fim ou início de um ano-calendário tinha importância para os povos antigos cuja sobrevivência dependia do clima e das variações no fornecimento de alimentos.

[Terceiro Tempo, jornal do aposentado e do servidor público. Rio de Janeiro: nº 492, 16 a 31.12.2012, editorial, p. 1].


Tradicional chuva de papel picado no centro da cidade do Rio de Janeiro, para comemorar o último dia comercial do ano.

Primeiro veremos como começou a definição de tempo.

Tempo, em sua definição científica, é uma parte do sistema de medição utilizado para seqüência de eventos, para comparar as durações dos eventos e os intervalos entre eles, e para quantificar as taxas de variação, como o movimentos dos objetos.

Nos tempos antigos as pessoas contavam o tempo de forma bem menos imprecisa do que hoje, por motivos, sobretudo, agro-pastoris ou religiosos. Os festejos pela passagem de ano são exemplos disso. Assim, o estudo do céu, tempo, espaço, enfim, do universo estava ligado à mitologia e astrologia.


Provas da medição do tempo na "Pré-História":

Nas cavernas de Lascaux, no Centro-Sudoeste da França (próximo a Montignac), pinturas rupestres, de c.17 mil anos, marcavam, com pontos, a duração das semanas (através das fases da lua) e das estações do ano com o aparecimento, por exemplo, das constelações Ursa Menor e Plêiades em certo alinhamento, dando início ao ano daqueles homens antigos.

Para uma sociedade de caçadores, pescadores, criadores de animais, coletores e agricultores; pinturas de cervos no cio, éguas prenhas, bisões imigrando e períodos de seca e chuva indicavam importantes fases anuais para a sobrevivência.


Sincronizavam os ritmos biológicos dos animais e do clima das estações do ano com os ritmos astronômicos.



Os pontos alinhados à esquerda do animal de chifres representam fases lunares, e à direita, as constelações que davam início ao ano.


A partir do momento em que os homens passaram a contar o tempo, o hábito de se comemorar o ano novo iniciou-se logo após. A contagem do tempo era importante às primeiras civilizações que tinham que produzir maior quantidade de alimentos, desenvolvendo técnicas agropecuárias mais avançadas, a fim de sustentar populações maiores, diferente das pequenas tribos.

No antigo Egito, o início do ano era determinado pela cheia do rio Nilo, período que antecede a semeadura, sobretudo do trigo, nas terras férteis do kemet ("terra negra" devido à matéria orgânica trazida nas cheias). Isso ocorria entre setembro e fevereiro, época do outono e inverno no Hemisfério Norte.


O mais antigo calendário solar foi criado pelos egípcios em 4236 a.C., que dividia o ano em 36 grupos de 10 dias, mais cinco suplementares dedicados às festas, acrescentando-se mais um dia a cada quatro anos.

PARA A CIVILIZAÇÃO MAIA E EGÍPCIA, O ANO NOVO ERA EM JULHO
O fato dessa data ser a do Novo Ano tem base numa data que se relaciona tanto com o Encantamento do Sonho como com uma profecia dos Chilam Balam [espécie de livro sagrado dos maias]; ela corresponde à subida da estrela Cão, de Sírio, em companhia do Sol, o que ocorre anualmente a 26 de Julho. Este auspicioso alinhamento de Sírio com o Sol - que marca também o início do novo ano do calendário de 13 luas do egípcio Thot - assegura a propagação de luz e de informação em abundância sobre a Terra. Sendo a estrela fixa mais brilhante do céu, Sírio é, há muito, vista como ligação a um estado de consciência de uma dimensão mais elevada que auxilia a aceleração da evolução do nosso planeta e que está associada ao Princípio Feminino do Divino.
Post de Lúcia Padilla Gatto em 25/07/2011 via Facebook.



Na Mesopotâmia (território onde em sua maior parte está o Iraque atual), há dois mil anos antes da Era Cristã, as pessoas já festejavam a chegada do ano. Ela acontecia porém no início da primavera do Hemisfério Norte (abril-maio), época em que novas safras são plantadas. Dessa forma, o ano sempre renascia ou recomeçava junto com a estação, no início das colheitas.

Além disso, para os mesopotâmicos, no final do ano terríveis "monstros" despertavam (veremos algo parecido com o "dragão" da cultura chinesa) e deviam ser combatidos por Marduk, a maior divindade deles. 

O festejo era chamado de Zagmug e durava 12 dias. Junto com o ano novo chega o inverno no Hemisfério Norte e com ele os tais "monstros do caos". Para provar sua fidelidade, o próprio rei deveria oferecer-se em sacrifício a Marduk, visto que era necessário que lutasse ao lado do deus no Além. 

A fim de preservar a vida do soberano, um homem comum - geralmente um criminoso - era escolhido para ser vestido e tratado como o rei, e depois sacrificado, levando, também, todos os "pecados" do povo consigo (esse tipo de sacrifício humano foi adotado na Roma antiga, porém, durante os festejos ao deus Momus: os ancestrais do carnaval atual).

Na Pérsia e Babilônia, a festa chamava-se SacaeaOs festejos iniciaram a tradição das resoluções ou promessas feitas durante a passagem de ano.

Séculos depois, os gregos e romanos (de quem herdamos a cultura) também passaram a festejar a passagem de ano. A renovação da natureza, a primavera, em março (no Hemisfério Norte), indicava o começo do ano.

O calendário solar juliano, que substituiu o calendário romano antigo, foi criado por Júlio César em 46 a.C. e determinava o início do ano em março. O calendário corrigia as dificuldades encontradas na contagem do ano lunar. Esse calendário foi usado na Europa por séculos até ser substituído pelo atual (gregoriano) no século XVI.

Os celtas, diversas tribos europeias da Antiguidade, comemoravam o início do ano em 31 de outubro, durante o sambain, quando a metade clara se encontra com a metade escura do ano (passagem da primavera para o outono).



O ANO NOVO SEMPRE FOI EM MARÇO, NÃO EM JANEIRO

A maior parte dos povos comemorava (e alguns ainda comemoram) a passagem de ano ou o ano novo no EQUINÓCIO de MARÇO, quando a Terra completa uma volta inteira em torno do Sol (movimento de translação). 

Civilizações antigas - como a egípcia, assíria, babilônica, romana, maia... - que detinham o conhecimento da astronomia, sabiam que o ano terminava e começava entre o fim do inverno e início da primavera no Hemisfério Norte, que para nós, geralmente, é por volta de 21 de março. Era importante saber sobre isso em sociedades de base agropastoril, dependentes das épocas de semeadura ou colheita, de clima quente ou frio, dos períodos chuvosos ou secos etc.

Para nós, ocidentais, herdeiros da cultura dos romanos antigos, devemos saber que o primeiro calendário de Roma, segundo a lenda, elaborado pelo próprio fundador, Rômulo, era lunar e tinha dez meses. Porém, o sucessor dele, o rei Numa Pompílio (reinado: 715–673 a.C.), em 713 a.C., adaptou o calendário para ter doze meses, que passou a ser lunissolar. Os dois novos meses seriam os futuros "janeiro" e "fevereiro", mas estes ficavam no final do ano. Notamos que setembro, outubro, novembro e dezembro possuem tais nomes (derivados do original latino) porque são o sétimo, oitavo, nono e décimo meses do ano.



Em 153 a.C., durante a Segunda Guerra Celtibera (entre romanos e celtas ibéricos), para melhor lidarem esse tempo de crise, o Senado da República de Roma requisitou que os senadores tomassem posse em janeiro e não em março. Tal acontecimento marcava tradicionalmente o início do ano. Mesmo assim o ano novo continuou festejado pelo povo em março. Mesmo em 45 a.C., quando o ditador Júlio César criou o calendário juliano.

Somente quando o calendário juliano foi substituído pelo gregoriano, em 1582, o primeiro dia de janeiro passou a ser também o primeiro dia do ano. Visto que se Jesus Cristo nasceu em 25 de dezembro (data próxima ao dia 21, dia dos festejos pagãos do solstício de inverno), acreditava-se que em 1º de janeiro, oito dias após, observando o costume judaico, o Messias foi circuncidado.


Portanto, o cristianismo romano foi o responsável por modificar algumas das datas mais importantes para antigos povos.

Fonte: A ORIGEM DO ANO NOVO: POR QUE É COMEMORADO DIA 1º DE JANEIRO? - EDUARDO BUENO https://www.youtube.com/watch?v=rajAgW4Q_r0

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Para tentar entender os fenômenos astronômicos – que determinam, por exemplo, o calendário solar e os dias, ou seja, a contagem do tempo - os antigos povos greco-romanos, através de suas lendas, personificaram ou animalizaram elementos como as estações e constelações.

... Febo [ou Apolo, o deus-Sol], vestido de púrpura sentava-se em um trono que brilhava tanto quanto diamantes. À sua direita e à sua esquerda estavam o Dia, o Mês, e o Ano, e, a intervalos regulares, as Horas. A primavera tinha a cabeça coroada de flores, o Verão estava quase nu, tendo apenas uma grinalda feita de espigas de cereais maduros, o Outono tinha os pés manchados [com o sumo de uvas pisadas, em um tonel, para produzir o vinho] [...], e o gelado Inverno tinha o cabelo endurecido pela geada branca.

[BULFINCH, Thomas. O livro da mitologia: histórias de deuses e heróis. Trad. Luciano Alves Meira. São Paulo: Martin Claret, 2006, p. 64, com adições].


Faetonte na carruagem de Apolo (c.1720), de Nicolas Bertin. Museu do Louvre, Paris.

Apolo, em conversa com o filho, Faetonte, esclarece como conduz sua fulgurante e incandescente carruagem (o sol) pela abóbada celeste.

[...] o céu está sempre girando e levando as estrelas consigo. Tenho de estar perpetuamente atento para não ser arrastado por esse movimento. [...] Talvez creias que haja florestas, cidades, moradas de deuses e palácios no caminho. Ao contrário, a estrada passa por entre monstros aterradores: entre os chifres do Touro [constelação], em frente ao Arqueiro [Sargitário], próxima à boca do Leão, e ao alcance das garras do Escorpião, de um lado, e do Caranguejo [Câncer], do outro.
[Idem, p. 65, com adições]

Outro motivo que levou os gregos antigos a buscarem uma melhor contagem do tempo foram os jogos olímpicos:

Não parece fora de propósito mencionar aqui os outros jogos nacionais que eram realizados na Grécia. Em primeiro lugar, havia os Jogos Olímpicos ou Olimpíadas, estabelecidas, segundo a tradição, pelo próprio Júpiter, e se realizavam em Olímpia, na Elida. Acorriam inúmeros espectadores, de todas as partes da Grécia, bem como da Ásia, África e Sicília. Os jogos realizavam-se no verão, de cinco em cinco anos, e duravam cinco dias. As Olimpíadas serviam, ainda, para marcar o tempo no calendário. A primeira Olimpíada realizou-se, segundo se acredita, no ano 776 a.C.

[p. 190]

Os povos escandinavos, a exemplo dos vikings, em sua mitologia sobre a criação do mundo, afirmavam que Odin [o Zeus escandinavo] estabeleceu [...] os períodos do dia e da noite, e as estações, colocando no céu o Sol e a Lua e lhes determinando os respectivos cursos [p.381, com adição].

Acreditavam que todo o universo era sustentado por um freixo (árvore) imensurável chamado Ygdrasil. Uma de suas raízes se infiltrava pelo Asgard (morada dos deuses, espécie de Olimpo) e era cuidada por certas "personificações do tempo": [as] três Norns, deusas consideradas como donas do destino. Eram Urdur (o passado), Verdande (o presente) e Skuld (o futuro) [ibidem, com adição].

Lembramos que os anglo-saxões (britânicos, estadunidenses, canadenses, australianos etc.) são descendentes de povos escandinavos e germânicos. Os deuses de seus ancestrais nomearam alguns dias da semana: de Odin, que por vezes era chamado de Woden, surgiu o termo Wednesday (quarta-feira, em inglês); do filho mais velho de Odin, Thor, derivou-se Thursday (quinta-feira), e de Freya (quase uma vênus escandinava) surgiu Friday.


CAUIM: O "CHAMPANHE" DAS PRIMEIRAS FESTAS DE "FIM DE ANO" NO BRASIL

Antiga gravura europeia retratando uma festa do cauim entre tupinambás no século XVI.
A bebida era produzida a partir da fermentação de frutos, grãos ou raízes nativos feita por micro-organismos presentes na saliva humana: as jovens e mais belas mulheres eram escolhidas para mascar os vegetais, que depois eram cuspidos em tigelas de barro, misturados à água e deixados por alguns dias para que a fermentação natural produzisse álcool ao líquido. Diferente do champanhe, o cauim tinha que ser bebido morno, mantido aquecido pelo calor de uma fogueira próxima.

Nas antigas tribos tupinambás que habitavam o litoral brasileiro, até o final do século XVII (época em que foram praticamente extintas pelos colonizadores portugueses), havia grandes festas regadas a kaûi ou cauim: bebida alcoólica fermentada (como a cerveja ou vinho) feita principalmente de caju ou milho nativo. O amadurecimento desses vegetais na natureza, aqui no Brasil, ocorre no auge do verão, por volta da virada do ano: entre dezembro e janeiro. Os missionários cristãos, jesuítas, podem ter adaptado esses festejos nativos às festas de fim de ano celebradas pelo calendário cristão, do Natal e Ano Novo, durante o processo de catequização.

Vejamos a noção de tempo utilizada no Ocidente.

Nas sociedades antigas e medievais, nas quais a divisão entre o dia e a noite importava mais do que nas sociedades contemporâneas acostumadas com o uso da luz artificial, a contagem das horas começava com o nascer do sol. Este marcava o início da primeira hora e o pôr-do-sol ocorria ao final da décima segunda hora (12h, a metade de 1 dia). Com isso a duração das horas variava de acordo com a estação.

Por que o número 12 (doze) organiza certos aspectos do tempo?
Eis uma possibilidade, por causa da religião:

Cópia de pintura medieval grega representando os Doze Apóstolos
(parece que tal número de discípulos não foi estabelecido por acaso).

O número doze é muito significativo em diversas sociedades.

Os babilônios estabeleciam sua base numérica no doze e não na escala decimal, como a nossa. Deles herdamos, por exemplo, os doze meses do ano, doze horas diurnas, doze horas noturnas, doze signos e doze casas do zodíaco.

Os caldeus, os etruscos e os romanos (destes últimos vieram as bases das culturas ocidentais atuais) dividiam seus deuses em doze grupos. E doze eram os Trabalhos de Hércules.

Na tradição judaico-cristã, o doze é uma cifra sagrada, um símbolo de pleno sentido, já que eram doze os apóstolos, doze as tribos de Israel, doze as pedras preciosas do peitoral do sumo sacerdote, doze as portas da cidade de Jerusalém, Adão e Eva foram expulsos do Paraíso às 12 horas do meio dia etc.

Doze vezes 30 graus formam os 360 graus da circunferência.

A escala musical está formada por doze graus cromáticos, as sete notas básicas mais os "sustenidos" da mesmas (do, do#, re, re#, mi, fa, fa#, sol, sol#, la, la#, si). O compositor austríaco modernista Arnold Schönberg aperfeiçoou a escala em seu sistema dodecafônico serial.

Fonte: http://www.revistasextosentido.net/news/o-numero-12/

Sobre outras possibilidades da escolha dos números 12, 24, 30 e 60 na contagem do tempo, ver explicações mais abaixo.

Aliás a palavra "oração" (prece religiosa) nasceu do termo "hora" (neste caso, canônica ou litúrgica). A partir da Idade Média, os clérigos e demais crentes faziam suas orações e demais atividades ao logo das 24h através de ofícios diurnos e noturnos.

Eis um exemplo nas horas dos monges beneditinos do século XIV:


Matinas ou Vigiliae (vigílias) - Entre 2:30h e 3h;
Laudes (antigos matutinos) - Entre 5h às 6h, de modo a terminar ao clarear do dia;
Primeira ou Prima - Cerca de 7:30h, pouco antes da aurora;
Terceira ou Terça - Por volta das 9h;
Sexta - Meio-dia (num mosteiro onde os monges não trabalhavam nos campos, no inverno, era apenas a hora da refeição);
Nona ou Noa - Entre 14h e 15h;
Vésperas - Em torno de 16:30h, ao pôr-do-sol (a regra prescreve que se faça a ceia quando ainda não desceu a escuridão);
Completas - Em torno das 18h (até as 19h os monges se recolhem).

(ECO, Umberto. O Nome da Rosa. Trad. Aurora Fornoni Bernardini e Homero Freitas de Andrade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983, 31ª ed., p. 17, com adições) 



O Calendário ou Ano Litúrgico da Igreja Católica é cíclico. Várias datas religiosas importantes, a exemplo da Quaresma e Semana Santa (que geralmente ocorrem entre fevereiro e abril), são móveis.

O Ano Litúrgico, que é diferente do calendário civil, é composto por dois grandes ciclos, Natal e Páscoa, e por um longo período de 33 ou 34 semanas, chamado Tempo Comum. O ciclo do Ano Litúrgico tem início no Advento, preparação para a comemoração da chegada de Cristo (Natal), que acontece após quatro semanas. Na semana seguinte, celebra-se a Epifania. O ciclo litúrgico natalino termina com a celebração do Batismo do Senhor, início da missão de Jesus que culmina com a Páscoa. Após o Batismo do Senhor, inicia-se a Primeira Parte do Tempo Comum que se estende até a terça-feira anterior à Quarta-Feira de Cinzas. O Ciclo da Páscoa começa na celebração da Quarta-Feira de Cinzas, quando se inicia a Quaresma (período de quarenta dias para recolhimento e castidade dos fiéis). No final, há a Semana Santa, que começa no Domingo de Ramos, lembrança da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. De sexta a domingo celebra-se o Tríduo Pascal, com a Santa Ceia (quinta), a Paixão (sexta), a Vigília (entre sexta e sábado), o Sábado de Aleluia e a Ressurreição do Senhor (domingo). Cinquenta dias após a Páscoa há a solenidade do Pentecostes, que assinala, do ponto de vista do Clero, o nascimento da Igreja (com a presença do Espírito Santo aos Apóstolos e a Virgem). A Segunda Parte do Tempo Comum começa na segunda-feira após o Domingo de Pentecostes, e se estende até o sábado anterior do primeiro domingo do Advento, encerrando assim o ciclo. A cada ano a Igreja propõe diferentes leituras retiradas dos Evangelhos Sinóticos (aceitos pela Igreja Católica). O Ano A está centrado em Mateus, o Ano B em Marcos, o Ano C em Lucas, com inserções de João (também presente na liturgia de ocasiões especiais). Exemplo: os anos 2013, 2014 e 2015 foram A, B e C respectivamente.

Fonte: "Folha Paroquial", Paróquia da Santíssima Trindade-Flamengo, Rio de Janeiro: Ano XXIII, novembro de 2015, No 213, p.8.

No chamado tempo italiano a primeira hora se inicia com o pôr-do-sol. As horas eram numeradas de 1 a 24, perfazendo, assim, 1 dia completo. Essa forma de contá-las possuía a vantagem de mostrar facilmente quantas ainda restavam sem a necessidade do uso de luz artificial. Introduzida na Itália durante o século XIV, foi de uso comum até o século XVIII e XIX em algumas regiões. Fonte: Wikipedia

Nossa concepção ocidental de horário surgiu no ritmo dos sinos das igrejas, mosteiros e abadias. O estudo sobre o tempo e o desenvolvimento de mecanismos da contagem dele, no início, eram necessários para melhor orientar as pessoas para o cotidiano religioso.







Vistas da magnífica abadia beneditina de Melk, na Áustria, à margem do rio Danúbio. Os relógios de suas torres "marcam o ritmo" da vida cotidiana da cidade, desde o século XVIII.
Dando corda no relógio (1875-80), de Alfred Stevens.
Com o tempo, produziram-se elegantes "contadores de tempo".

A RELIGIÃO TAMBÉM INFLUENCIOU O TEMPO 
COM A LUA, A SEMANA E O SÁBADO


A lua não dura exatamente uma semana e portanto, por volta do século VI a.C., foi criado o calendário com três semanas de sete dias e uma semana de oito ou nove dias, pois foi sincronizado exatamente os dias da semana com as fases lunares.

Os babilônicos e judeus consideravam sagrado o sétimo dia da semana, e acreditavam que justo este era o “dia de azar”. Por isso os mesmos ficavam em casa para evitar qualquer acontecimento ruim.

A palavra "sabático" foi acrescentada pelos hebreus, pois shabbat significa "repouso" ou "cessar" (as atividades), ou seja, o sábado. Tempos depois, aquela semana que tinha oito ou nove dias começou a ter sete (número cabalístico), e tudo se igualou para que fosse o sétimo dia o de descanso (lembram do sétimo dia da Criação quando Deus resolveu descansar, em Gênesis 2:2?).

Essa mudança foi oficializada pelo imperador Constantino, em 321 d.C, e devido à influência do Império Romano, o padrão foi considerado em diversos cantos do mundo e é mantido até os dias de hoje.

Fonte: http://www.ligadosnanet.com/curiosidades/saiba-por-que-a-semana-e-dividida-em-sete-dias/

Muitos povos agrícolas e nômades determinavam seu ciclo anual em função dos movimentos da lua. Os mais antigos calendários eram os lunares, porém, com o passar do tempo, as autoridades religiosas acrescentaram mais meses [...]. Devido à divergências nos cálculos e critérios adotados, surgiram calendários mistos soli-lunares até que, finalmente, a maior parte dos países adotou o calendário solar 

[Terceiro Tempo, Idem].


O AFASTAMENTO GRADUAL DA LUA E DIAS MAIS LONGOS

Você certamente não percebeu, mas a Lua está se afastando de nós.

O satélite da Terra está atualmente 18 vezes mais longe do que quando se formou, há 4,5 bilhões de anos.

Sem a Lua, nosso planeta seria irreconhecível. Os oceanos quase não teriam marés, os dias teriam outra duração e nós poderíamos não estar aqui, de acordo com alguns cientistas que acreditam que a Lua foi fundamental para o início da vida em nosso planeta.

Mas como esse afastamento nos afeta e com que rapidez ele está ocorrendo?

A Lua, como explica à BBC a pesquisadora Margaret Ebunoluwa Aderin-Pocock, do Departamento de Ciência e Tecnologia do University College de Londres, está se afastando da Terra a uma velocidade de 3,78 centímetros por ano.

Esse afastamento se deve à fricção entre a superfície da Terra e a enorme massa de água que está sobre ela e faz com que, ao longo do tempo, a Terra gire um pouco mais lentamente sobre o seu eixo.

Para cada ação há uma reação igual e oposta. Esta é a terceira lei de Newton.


A Terra e a Lua são unidas por uma espécie de abraço gravitacional. Então, à medida que o movimento da Terra diminui, o da Lua acelera.

E, quando algo que está em órbita acelera, essa aceleração o empurra para fora.

A distância da Lua afeta nosso planeta de várias formas. Para começar, à medida em que a Terra gira mais devagar, os dias ficam mais longos.

Eles já estão mais longos, em dois milésimos de segundo a cada século.

Além disso, os invernos serão muito mais frios e os verões, muito mais quentes.

Isso pode ter um efeito devastador sobre a Terra, ante a dificuldade dos animais em se adaptar a extremos climáticos.

E se a força gravitacional da Lua torna-se mais fraca, as marés na Terra não serão tão acentuadas.

No entanto, mesmo sem a Lua, existiriam marés - ainda que suaves - pelo efeito do Sol.

Nenhuma dessas consequências deve preocupar: as mudanças são sutis demais para que possamos testemunhá-los.

A Lua nunca vai escapar da Terra. Mesmo que a Terra continue diminuindo sua velocidade, irá girar na mesma velocidade em que orbita a Lua. Nesse momento, a Terra e a Lua vão chegar a um equilíbrio e a Lua deixaria de se afastar.

Mas, muito antes que isso aconteça, o Sol vai se expandir até virar um gigante vermelho e engolir, no processo, a Terra e seu satélite.

Dito isso, não há necessidade de se preocupar. Ainda faltam cerca de 5 bilhões de anos para isso acontecer.

Com o desenvolvimento da ciência moderna, a partir do Renascimento (séculos XV e XVI), surgiu a astronomia como a conhecemos e Galileu Galilei (1564-1642) é considerado o principal "pai" dela. O tempo passou a ser estudado e visto de modo mais racional, abrindo caminho para sua capitalização (time is money), sobretudo após o mercantilismo e a revolução industrial. 


Abaixo está uma página com iluminura de As mui ricas horas do duque de Berry (século XV), pintada pelos Irmãos Limbourg, retratando a agricultura (atividade econômica) nas terras do duque no fim do inverno do Hemisfério Norte (fevereiro-março): época da semeadura.



Eram necessários mecanismos cronológicos mais precisos, principalmente para controlar melhor a produção e o comércio. Não é por acaso que as melhores fábricas de relógios se encontram no mesmo país onde há os mais tradicionais bancos: a Suíça. Da mesma forma, o termo "pontualidade britânica" nasceu no berço da revolução industrial: a Inglaterra. 


Os relógios de sol e ampulhetas deram lugar a mecanismos mais precisos: relógios de pêndulo, de mola, elétricos, de quartzo (cronometragem precisa feita pela pulsação desse cristal) e o atômico (que usa como contador a frequência de oscilação da energia de um elemento radioativo, ou seja, um átomo: o relógio mais preciso que existe). 


Antes de os relógios existirem, todos tinham tempo. Hoje, todos têm relógios. 
Eno Teodoro Wanke

A LONGA JORNADA PELA PADRONIZAÇÃO TEMPORAL


O astrônomo grego Hiparco de Niceia (c.190 a.C. - 120 a.C.) foi o primeiro a perceber a duração igual do dia e da noite nos equinócios da primavera e do outono. Ele notou que isso poderia nos dar um padrão para estabelecer uma duração fixa da hora.

Até o século XIV, não havia isso, pois geralmente adotavam os relógios solares (por mais de três mil anos) e as sombras que marcavam os horários alteram-se conforme o movimento de translação da Terra, que define as estações do ano (as variações do tempo são menores apenas nos locais próximos à linha do Equador).

Em 1386, na Catedral de Salisbury (Inglaterra), surgiu um dos primeiros relógios mecânicos (ainda em funcionamento) que inaugurou a regularidade mais exata do tempo (apesar dessas máquinas antigas não serem muito precisas, perdiam cerca de 15 minutos por dia). Nos séculos XV e XVI, surgiram os mostradores dos relógios.

Antes as horas eram anunciadas apenas pelas badaladas dos sinos da igrejas, que eram acionados pelos relógios, que dividiram os dias e noites em horas e minutos. A ideia foi tirada da divisão do círculo feita por Cláudio Ptolomeu (c.90 - c.168) em graus de 60 min.



Agora havia um maior fracionamento do tempo, fato que influenciaria na crescente "aceleração do cotidiano".

Aliás os número 12 e 60 foram muito usados pelos egípcios e demais civilizações antigas antes de Ptolomeu. Adotados por sua divisibilidade, eram muito úteis para o comércio na contagem dos produtos. Por isso foram adaptados para a contagem do tempo. Exemplo, uma hora são 60 minutos que pode ser dividida por 1/2 (30 min.), por 1/3, (20 min.), por 1/4 (15 min.), por 1/5 (12 min.), por 1/6 (10 min.), por 1/10 (6 min.), por 1/12 (5 min.), por 1/15 (4 min.), por 1/20 (3 min.), por 1/30 (2 min.) e por 1/60 (1 min., e este em 60 seg.).

Desde 1º de janeiro de 46 a.C., diversas nações do Velho Mundo, dominadas ou influenciadas pelo Império Romano, seguiram o calendário instituído pelo ditador romano Júlio César (100-44 a.C.), o calendário juliano. Após séculos, percebeu-se que a contagem dos dias estava errada, pois que a cada 134 anos, o ano ganhava um dia.


César é considerado o pai do ano bissexto, ao implementar, com a ajuda do astrônomo Sosígenes, o ano de 365 dias baseado no ciclo solar, em vez do lunar usado até então. Como ficava faltando 1/4 de dia para se completar o ciclo do Sol, criou-se o ano de 366 dias a cada quatro anos.

Os antigos romanos começaram a contar os dias e meses do ano, através de um calendário, desde o tempo de Rômulo (época da Fundação da Cidade de Roma, por volta de 753 a.C.). Como a cultura da Roma Antiga foi herdada por diversas nações, sobretudo ocidentais, mesmo após o fim do Império (antes República) diversos países continuaram a seguir o antigo calendário romano.

O Calendário de Júlio César (100-44 a.C.) consertou erros repetidos desde as Guerras Púnicas (que ocorreram entre os romanos e cartagineses, chamados pelos primeiros de púnicos, nos anos de 264 a.C a 146 a.C.). Antes da reforma juliana o ano variou de 10 a 12 meses e de 304 a 366 dias, pois um mês extra deveria ser adicionado pelos sacerdotes depois de certo período, a fim de manter as estações alinhadas com o calendário. Porém os sacerdotes em diversas vezes negligenciaram tal adição. Para realinhar a contagem do ano romana com as estações, César, como "Pontifex Maximus" (Pontífice-Mor ou Sumo Sacerdote de Roma), acrescentou dias suficientes para que o ano 46 a.C. tivesse 15 meses e 445 dias de duração, e acrescentou outros dias aos meses do dito ano com o intuito de manter o calendário bastante racional. O ano de 46 a.C. ficou conhecido como o "ano da confusão", após ele os anos foram readequados ao tempo natural que conhecemos.

César é considerado o pai do ano bissexto, ao implementar, com a ajuda do astrônomo Sosígenes, o ano de 365 dias baseado no ciclo solar, em vez do lunar usado até então. Como ficava faltando 1/4 de dia para se completar o ciclo do Sol, criou-se o ano de 366 dias (dito BISSEXTO pelos DOIS SEIS no número 366) a cada quatro anos. Dizem que César desejou que fosse criado um mês e um dia dedicado a si, por isso surgiu "julho" e um dia foi retirado de fevereiro. Tempos depois o Imperador Otaviano ou Otávio Augusto criou para ele o "agosto" retirando mais um dia de fevereiro. Até hoje o mês fevereiro deixou de ter 30 dias para possuir apenas 28, menos nos anos bissextos quando passa a ter 29 dias.


Desde 1º de janeiro de 46 a.C., diversas nações do Velho Mundo, dominadas ou influenciadas pelo Império Romano, seguiram o calendário instituído pelo ditador romano. No entanto, o calendário juliano não era perfeito. Após séculos, percebeu-se que a contagem dos dias estava errada, pois que a cada 134 anos, o ano ganhava um dia.

Então, em 24 de fevereiro de 1582, o Papa Gregório XIII mandou substituir o antigo calendário. Por isso nosso calendário é chamado de calendário gregoriano. Ele fez diversas modificações no antigo. Por exemplo: os anos bissextos sempre são divisíveis por quatro e não terminam em duplos zeros, exceto os divisíveis por 400. Assim, se evita o atraso de um dia a cada quatro anos.


CURIOSIDADE:

UM ANO não tem exatos 365 dias: na verdade, o valor é 365 dias, 5 horas, 49 minutos e 12 segundos. Então, para compensar a “sobra”, a cada quatro anos um dia a mais é inserido.

Se esse ajuste não fosse feito, depois de 30 anos, um ano teria uma semana a menos e, depois de alguns séculos, essa diferença seria de meses, o que bagunçaria o esquema das estações do ano, por exemplo.

Anos bissextos são ignorados em vários países. Muitas pessoas não podem renovar suas carteiras de motoristas ou abrir contas em bancos no dia 29 de fevereiro, uma vez que alguns sistemas de computadores simplesmente não reconhecem a data como um dia legítimo. Até mesmo o Google se confunde: há muitos bloggers que não conseguem atualizar seus perfis na data.

Fonte: http://www.equilibriovida.com/2015/07/quebre-a-cabeca-com-estes-5-misterios-intrigantes-a-respeito-do-tempo/


Em 1578, o papa Gregório XIII ordenou a construção de uma torre de 73 metros de altura, a segunda mais alta do Vaticano, para estudos de medição astronômica para a formulação de um calendário mais preciso. A Torre Gregoriana ou dos Ventos (por causa dos afrescos de Circignani representando episódios bíblicos envolvendo os ventos) ficou pronta em 1580.

Na Sala do Meridiano, há uma linha meridiana horizontal traçada no chão. Na parede sul da sala, à altura de cinco metros do solo, há um orifício através do qual, ao meio-dia, entra um raio de sol (o orifício foi feito para que o raio saia da boca de um anjo de um afresco).

O papa subiu à torre em 21 de março de 1581, dia do equinócio da primavera no Hemisfério Norte, segundo o calendário antigo, para ver que o raio não atingia a linha no chão: um erro de 60 cm. Isto significava que o equinócio ocorrera dez dias antes.

Assim, no ano seguinte, Gregório XIII publicou a bula Inter Gravissimas para que o dia 4 de outubro de 1582 passasse a ser para o dia 15 daquele mês e ano: um pulo para que se fizesse a devida correção no calendário, de acordo com o movimento da Terra e demais astros.


Atualmente o calendário gregoriano pode ser considerado de uso universal. Mesmo aqueles povos que, por motivos religiosos, culturais ou outros, continuam agarrados aos seus calendários tradicionais, utilizam o calendário gregoriano nas suas relações internacionais [atividades civis].

A VIGÊNCIA DO CALENDÁRIO TAMBÉM DEPENDE DA RELIGIÃO E DA POLÍTICA

Os países de maioria protestante, porém, rejeitaram a alteração. As partes protestantes da Alemanha e dos Países Baixos só adotaram o novo calendário em 1700. A Grã-Bretanha demorou mais ainda: até 1752. O astrônomo Johannes Kepler chegou a observar que esses países preferiram “ficar em desacordo com o Sol a ficar de acordo com o papa”.

O pintor inglês William Hogarth ilustrou bem o assunto em An Election Entertainment, de 1755, que retrata a discussão entre partidos durante uma eleição para o Parlamento da Inglaterra. A pintura mostra, sob o pé de uma personagem sentada no chão, uma bandeirola negra com os dizeres "Give us our Eleven days" (Devolvei-nos nossos onze dias), um protesto contra a adoção do calendário gregoriano. Em 1752, dois anos antes desta pintura, a Inglaterra assumiu o novo e atual calendário. Assim, e de um momento para o outro, ao dia 3 de setembro, quarta-feira, sucedeu o dia 14 de setembro, uma quinta-feira. O povo inglês reclamou quando soube que lhe estavam retirando onze dias do ano, pois, derepente, o calendário dos trabalhadores avançou 11 dias, mas o salário não contou com esse avanço. Para o patrão eles trabalharam apenas 19 dias.

Detalhe de "An Election Entertainment" (1755), W. Hogarth.

Os países ortodoxos adotaram o calendário gregoriano para o ano civil (não para o religioso) somente no início do século XX. A Rússia socialista, por exemplo, implantou o novo calendário só em 1918. É por isso que a chamada “Revolução de Outubro”, de 1917, na verdade aconteceu em novembro, segundo o calendário gregoriano.

Até hoje, as Igrejas ortodoxas do Oriente utilizam o calendário juliano para determinar as festas religiosas, como a Páscoa e o Natal, que, por essa razão, quase nunca corresponde às datas das celebrações católicas.

Apesar do ajuste nos anos bissextos, o ano do calendário gregoriano ainda tem cerca de 26 segundos a mais que o período orbital da Terra. Esta falha, no entanto, só acumula um dia a mais a cada 3.323 anos.

Anos bissextos são ignorados em vários países. Muitas pessoas não podem renovar suas carteiras de motoristas ou abrir contas em bancos no dia 29 de fevereiro, uma vez que alguns sistemas de computadores simplesmente não reconhecem a data como um dia legítimo. Até mesmo o Google se confunde: há muitos bloggers que não conseguem atualizar seus perfis na data.

Para maiores esclarecimentos acesse os links abaixo:

http://www.mat.uc.pt/~helios/Mestre/H01orige.htm

http://pt.aleteia.org/2015/02/22/15-curiosidades-sobre-o-calendario-gregoriano-uma-mudanca-que-literalmente-marcou-epoca/


FELIZ ANO NOVO... MENTIRA, 1º DE ABRIL!!!

Uma das origens do Dia da Mentira, o 1º de Abril, tem haver com a mudança do calendário no Ocidente, do juliano para o gregoriano.

O fato ocorreu na França. Antes do século 16, os franceses (assim como alguns outros europeus) comemoravam o Ano Novo em 25 de março, data que envolve o início (equinócio) da primavera no Hemisfério Norte. Os festejos do antigo réveillon francês, herança dos antepassados celtas (pagãos), prolongavam-se até 1º de abril, uma semana de festas.

Em 1564, o Rei Carlos IX seguiu determinações do Concílio de Trento (1545 a 1563) e antecipou c.20 anos antes uma mudança no calendário, transferiu a data do Ano Novo de abril para 1º de janeiro.

Lembrando, porém, que o calendário do Papa Gregório XIII, portanto dito "gregoriano", nosso atual (mais preciso astronomicamente), só foi oficializado pelo citado pontífice em 1582.

Muitos franceses não aceitaram tal mudança, pois o início de janeiro é também o início do quase nunca ensolarado e gélido inverno europeu. Bastante diferente da agradável, tépita e florida primavera, própria para tais festejos.

Aqueles que teimavam em comemorar o Ano Novo em 1º de abril, auge da festa, eram ridicularizados por quem obedecia o novo calendário civil.

Nesse dia cortesãos pregavam peças uns nos outros o que passou a ser chamado de “Poisson d’avril”: Peixe de abril, porque os tolos eram "fisgados", ludibriados ou enganados como peixes ainda filhotes, inexperientes. 

Eram enviados presentes estranhos (no lugar de flores para celebrar o réveillon, peixes podres, por exemplo) ou convites para bailes que não existiam. 

Surgiu dessa forma o folclore do "Dia dos Bobos". Diante disso, na Inglaterra, a partir do século 18, passou a ser chamado de "April Fools' Day", nome mais conhecido internacionalmente.

No Brasil, a primeira manifestação popular documentada sobre o "Dia da Mentira" (denominação brasileira da data) ocorreu em 1º de abril de 1848, na então Província de Pernambuco: o boato sobre o falecimento do Imperador D. Pedro II, que foi logo desmentido.

A mentira encontrou eco na insatisfação de parte dos provincianos pernambucanos ao governo central, visto que antecipou a Insurreição ou Revolução Praieira (1848-50).

Nas primeiras horas de 1º de abril de 1964, ocorreu um golpe de Estado no Brasil que instituiu uma ditadura civil-militar que durou até 1985. Como os defensores do movimento não intencionavam que a data fosse associada ao Dia da Mentira, até hoje afirmam (mentem) que o acontecimento deu-se na noite de 31 de março. 

Fontes: 




E O TEMPO, ALÉM DE SER EXATO, PASSOU A SER DINHEIRO...

O problema é que, mesmo com a hora fixa dos relógios mecânicos, não havia uma hora exata em termos nacionais e mundiais. Cada cidade apresentava uma hora distinta. Por exemplo, Salisbury (na Inglaterra) estava a mais de sete minutos adiantado do que Londres (pois a primeira cidade fica a vários quilômetros mais a Oeste). Um horário nacional era fundamental.

O fuso horário foi criado devido a necessidade de acertar os horários dos trens no século XIX, até então o transporte mais rápido que existia. Escolheu-se a hora do distrito londrino de Greenwich, porque era onde produziam os calendários náuticos mais precisos do mundo, e por isso era adotado pelas marinhas mercantes de vários países.

Greenwich correspondeu à Grã-Bretanha o que hoje o horário de Brasília corresponde ao Brasil: uma referência nacional de tempo. Graças às informações passadas pelo telégrafo, cada localidade britânica acertava seu relógio de acordo com o horário de Greenwich.

Em 1884, por ser o Império Britânico a maior potência mundial (sobretudo em termos de mercado), esse horário foi adotado como base para os fusos horários internacionais. Greenwich passou a ser o zero grau de longitude à linha do meridiano, e o mundo acertava os relógios a partir do Reino Unido.

No século XX, o surgimento dos relógios industrializados mais baratos e o rádio (que divulgava a hora certa) facilitou a regulagem da hora às pessoas, o que auxiliou muito o comércio internacional. O processo de globalização intensificou-se com a hora universal.




Comemoramos o Dia de Ano-Novo sempre no dia 1º de janeiro (a palavra “calendário” vem de calendas: 1º dia de cada mês do ano na Roma Antiga). No Ocidente, nosso ano é solar, pois a contagem dele é feita pelo tempo que a Terra demora para dar uma volta completa ao redor do sol (movimento de translação). Excetuando-se o ano bissexto (de 366 dias), um ano tem exatamente 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 12 segundos.

O tempo verdadeiro da rotação da Terra é de 23 horas, 56 minutos, 4 segundos e 9 centésimos (23h 56min).  Isso é medido em relação às estrelas*, ou seja, para uma mesma estrela estar em um mesmo ponto do céu, demora 23 horas e 56 minutos. Dessa forma, vemos que a rotação do nosso planeta não dura 24 horas exatas.

*Medição essa atualmente substituída pelo Tempo Atômico Internacional (TAI).

4 DE JANEIRO DE 1900 — Esta data é tida como referência à medida do segundo (1/31.556.925,9747 do tempo que levou a Terra a girar em torno do Sol a partir das 12 horas). Hoje a referência do horário mundial é feita pelos relógios atômicos, pela alta precisão, e não mais pelos movimentos da Terra em relação ao Universo.


O TEMPO ATÔMICO

Hoje, o segundo é definido pela pulsação do elemento (átomo) Césio, com uma precisão de um segundo para cada 138 milhões de anos. Para se ter ideia do avanço tecnológico na contagem do tempo, o relógio Big Ben, construído em 1852, varia menos de 1 segundo por ano. O segundo do minuto não é mais baseado no movimento do planeta ou das estrelas, mas na pulsação de um átomo, um movimento imutável, diferente da Terra e do Universo.

Portanto, a partir de 1º de janeiro de 1972, o Tempo Médio de Greenwich (GMT, sigla em inglês) foi substituído pelo Tempo Universal Coordenado (UTC, em inglês), que usa diversos relógios atômicos internacionais coordenados pelo Bureau International des Poids et Mesures (BIPM), fundado em 1875 e sediado em Sèvres, França.


Ilustração (em inglês) sobre o complexo funcionamento de um superpreciso relógio atômico.


Tanta precisão é importante para trabalhos relacionados a Astronomia e telecomunicação, como GPS, entre outras coisas.


O MINUTO "BISSEXTO" (61 segundos)

O segundo intercalado, conhecido em inglês como leap second, ocorre sempre no último dia de junho (30) ou dezembro (31), dependendo do ano, quando se adiciona um segundo ao UTC, correção necessária para ajustar o horário ao TAI.

O ajuste é necessário por causa da velocidade de rotação do planeta Terra, que registra variações, enquanto os relógios atômicos, que geram e mantêm a Hora Legal, possuem uma precisão que chega a um segundo em milhões de anos.

Em 2015, por exemplo, a correção foi feita no dia 30 de junho, quando o relógio oficial registrou a sequência 23h59min59s - 23h59min60s, para só então passar a 1º de julho (0h00min00s). Como essa correção é feita no horário de Greenwich, no Brasil ela ocorreu três horas antes – 21h, no horário de Brasília. O acréscimo pode parecer pequeno, mas afeta diretamente alguns sistemas de computadores e pode deixá-los lentos ou provocar erros.

Essas correções começaram em 1972, quando adicionou-se um segundo na virada de 30 de junho para 1º de julho e de 31 de dezembro para 1º de janeiro de 1973.


Fonte: http://www.brasil.gov.br/ciencia-e-tecnologia/2015/02/pesquisador-explica-o-201csegundo-a-mais201d-de-2015

A TERRA ÀS VEZES GIRA MAIS RÁPIDO, ISSO ENCURTA (bem pouco) OS DIAS (às vezes é o contrário). Matéria de 5 de jan. 2021:

A Terra tem "girado" estranhamente depressa ultimamente. Por isso, pode ser que a gente precise adiantar nossos relógios, mas você nem vai perceber.


No ano passado, foi registrado o dia mais curto da história, desde que foram iniciadas as medições, há 50 anos. Em 19 de julho de 2020, o planeta completou sua rotação 1,4602 milésimo de segundo mais rápido que os costumeiros 86.400 segundos (24 horas).


O dia mais curto que até então se tinha registro aconteceu em 2005, e foi superado 28 vezes em 2020. Mas em 2021 isso ficará mais acentuado, já que os dias deste ano deverão ser, em média, 0,5 milissegundo mais curtos que o normal.


Essas pequenas mudanças na duração dos dias só foram descobertas após o desenvolvimento de relógios atômicos superprecisos, na década de 1960. Inicialmente, percebeu-se que a velocidade de rotação da Terra, quando gira em torno de seu próprio eixo resultando nos dias e noites, estava diminuindo ano após ano.


Desde a década de 1970, foi necessário "adicionar" 27 segundos no tempo atômico internacional, para manter nossa contagem de tempo sincronizada com o planeta mais lento. É o chamado "leap second" ou "inserção de segundo intercalado".


Como seria inviável ajustar nossos relógios milissegundos diariamente, essas correções acontecem quando se acumula ao menos um segundo de atraso.


É um processo parecido ao que acontece com os anos bissextos, a cada quatro anos, para sincronizar a maneira como contamos o ano em relação à translação, o movimento da Terra ao redor do Sol —uma volta completa leva aproximadamente 365 dias e seis horas, somando um dia a cada quatro anos.


Já os ajustes da duração do dia acontecem sempre ao final de um semestre, em 31 de dezembro ou 30 de junho. A última vez que ocorreu foi no Ano Novo de 2016, quando relógios no mundo todo pausaram por um segundo para "esperar" a Terra.


Mas recentemente, está acontecendo o oposto: a rotação está acelerando. E pode ser que a gente precise "saltar" o tempo para "alcançar" o movimento do planeta. Seria a primeira vez na história que um segundo seria deletado dos relógios internacionais.


Há um debate internacional sobre a necessidade deste ajuste e o futuro do cálculo do tempo. Cientistas acreditam que, ao longo de 2021, os relógios atômicos acumularão um atraso de 19 milésimos de segundos.


Se os ajustes não forem feitos, levaria centenas de anos para uma pessoa comum notar a diferença. Mas sistemas de navegação e de comunicação por satélite —que usam a posição da Terra, do Sol e das estrelas para funcionar— podem ser impactados mais brevemente.


Nossos "guardiões do tempo" são os oficiais do Serviço Internacional de Sistemas de Referência e Rotação da Terra (Iers), em Paris, França. São eles que monitoram a rotação da Terra e os 260 relógios atômicos espalhados pelo mundo e avisam quando é necessário adicionar —ou eventualmente deletar— algum segundo.


Manipular o tempo pode ter consequências. Quando foi adicionado um "leap second" em 2012, gigantes tecnológicos da época, como Linux, Mozilla, Java, Reddit, Foursquare, Yelp e LinkedIn reportaram falhas.


A velocidade de rotação da Terra varia constantemente, dependendo de diversos fatores, como o complexo movimento de seu núcleo derretido, dos oceanos e da atmosfera, além das interações gravitacionais com outros corpos celestes, como a Lua. O aquecimento global, e consequente derretimento das calotas polares e gelo das montanhas também tem acelerado a movimentação.


Se os ajustes não forem feitos, levaria centenas de anos para uma pessoa comum notar a diferença. Mas sistemas de navegação e de comunicação por satélite —que usam a posição da Terra, do Sol e das estrelas para funcionar— podem ser impactados mais brevemente.


Nossos "guardiões do tempo" são os oficiais do Serviço Internacional de Sistemas de Referência e Rotação da Terra (Iers), em Paris, França. São eles que monitoram a rotação da Terra e os 260 relógios atômicos espalhados pelo mundo e avisam quando é necessário adicionar —ou eventualmente deletar— algum segundo.


Manipular o tempo pode ter consequências. Quando foi adicionado um "leap second" em 2012, gigantes tecnológicos da época, como Linux, Mozilla, Java, Reddit, Foursquare, Yelp e LinkedIn reportaram falhas.


A velocidade de rotação da Terra varia constantemente, dependendo de diversos fatores, como o complexo movimento de seu núcleo derretido, dos oceanos e da atmosfera, além das interações gravitacionais com outros corpos celestes, como a Lua. O aquecimento global, e consequente derretimento das calotas polares e gelo das montanhas também tem acelerado a movimentação.


Por isso, os dias nunca têm duração exatamente igual. O último domingo (3) teve "apenas" 23 horas, 59 minutos e 59,9998927 segundos. Já a segunda-feira (4) foi mais preguiçosa, com pouco mais de 24 horas.


Vale lembrar que estamos falando apenas da rotação, que regula os dias. O movimento de translação da Terra, que define um ano, não sofreu alterações significativas.



Em outras culturas, a exemplo das orientais, como a chinesa, o ano é lunar.



OS FUSOS NO BRASIL E MUNDO:




E O VERÃO QUIS TER SEU PRÓPRIO HORÁRIO

Em 1784, quando ainda não existia luz elétrica, o jornalista, escritor, político e inventor americano Benjamin Franklin viu que gastava muitas velas quando trabalhava de noite. Acordar mais cedo passou a ser a sua solução de economia, e ele chegou a sugerir que as praças tivessem canhões para acordarem as pessoas mais cedo no verão. Mas a ideia não foi implementada.

Em 1905, o construtor britânico William Willett lutou anos para conseguir introduzir o horário de verão na Inglaterra, mas morreu sem ver sua ideia funcionar. O primeiro país a adotar tal medida foi a Alemanha na época da Primeira Guerra (1914-18).

No Brasil, adiantam-se os relógios em uma hora geralmente de outubro a fevereiro em apenas alguns Estados, afastados da Linha do Equador (a exemplo de RJ, SP e RS). Os horários de verão brasileiros não surgiram em todos os anos, pois variam de acordo com os decretos presidenciais. O primeiro foi estabelecido por Getúlio Vargas em 1932.



O TEMPO FÍSICO


Por três séculos os cientistas seguiram a visão de Isaac Newton (1643-1727) quanto ao tempo: independente e separado do espaço. O tempo newtoniano era linear e absoluto como Deus. Contudo, esse gênio inglês chegou a filosofar: O tempo é uma ilusão produzida pelos nossos estados de consciência à medida em que caminhamos através da duração eterna.


Coube a Albert Einstein (1879-1955) dar-nos uma melhor visão sobre o tempo segundo a física. O tempo (e diversas outras coisas) é relativo. O alemão derrubou o tempo newtoniano ao afirmar que nem sempre ele é igual. O tempo pode ser lento em certas condições. Duas pessoas podem sincronizar seus relógios, separarem-se e ao se reunirem mais tarde eles podem marcar horários diferentes. Se uma delas foi e voltou da lua em velocidade próxima à da luz, seu relógio (e vida) funcionou bem mais devagar do que o da outra pessoa que ficou na Terra. E se a viagem fosse feita exatamente à velocidade da luz, o tempo pararia. Ou seja, o tempo é elástico.


Einstein também provou que tempo e espaço são partes de uma mesma estrutura, porém, nota-se isso apenas se estivermos nos movendo na velocidade da luz. 


Vivemos num mundo tridimensional (com altura, comprimento e largura, ou seja, profundidade), onde definimos o espaço e os volumes. Porém, existe uma "quarta dimensão", que é o próprio tempo. Tais informações foram fundamentais para a evolução da física quântica, o mundo das partículas atômicas e subatômicas.


A cosmologia (estudo da evolução e das propriedades físicas do universo) tenta dar um entendimento científico ao cosmo, papel antes exercido pelas religiões e filosofias. Se analisarmos as teorias sobre o nascimento do universo, veremos que o nosso tempo cotidiano é insignificante.


Aqui explicações mais interessantes sobre o "tempo einsteiniano":

E O TEMPO NASCEU (junto com o Universo):


O universo teria origem em um ponto inicial, um "ovo" chamado de "singularidade" (sem "nenhuma" dimensão e com "infinita" densidade). Coincidentemente ou não, os antigos finlandeses, gregos, samoanos e diversos outros povos acreditavam que o começo de tudo surgiu de um ovo (da ruptura dele surgiu a matéria e o tempo).

A teoria do Big Bang diz que tudo começou com a explosão dessa singularidade. Uma dispersão de energia TÃO enorme, rápida (quiçá mais veloz que a luz, só podendo ser cronometrada talvez em bilionésimos, trilhonésimos etc. de segundos) e quente (setilhões de graus celsus acima de c.740 ºC ou de 1014 graus Kelvin, pois abaixo disso começou a ser formada a matèria)* que ao se esfriar, e se converter em matéria, teria originado estrelas, planetas e tudo mais (a energia pode se converter em matéria e vice-versa, como provou Einstein: E = m.c²).

Leiam:
https://super.abril.com.br/tecnologia/big-bang/

*O alemão Max Planck (1858-1947) é considerado o pai da teoria quântica, o que lhe valeu o Prêmio Nobel de Física em 1918. Planck descobriu que cada átomo só pode trocar pacotes ou quantidades discretas de energia (em latim a palavra quantum significa "quantidade").

Graças as suas teorias foi determinada, dentre outras, a mais alta temperatura e a menor distância fisicamente possíveis. 

Se um corpo atingisse a temperatura de 141 x 10³⁰ °C (a chamada Temperatura de Planck), a radiação emitida teria o menor comprimento de onda possível (161 x 10⁻²⁶ nanômetros), a Distância de Planck. De acordo com a física quântica, essa é a menor distância possível em nosso universo. É possível que tenham sido a temperatura e o tamanho do espaço momentos (muitas e muitas frações de segundo) após o Big Bang.

Em temperaturas de milhões de graus, a exemplo das que existem no núcleo do nosso sol, a matéria atinge seu quarto estado físico: o plasma, em que os elétrons começam a circular dispersos de seus núcleos.  

Fonte: http://hypescience.com/qual-a-mais-alta-temperatura-possivel/

Tal explosão gigantesca seria a responsável pela ainda presente expansão do universo. Porém, o que havia antes da singularidade? É nesse ponto que a discussão sobre o tempo chega a um impasse, pois se não há espaço, não há tempo.

O TEMPO PODE SER CONGELADO?


Os cientistas afirmam que existe uma temperatura mínima que a matéria pode atingir, o chamado zero absoluto de temperatura ou zero grau Kelvin (-273,15°C)*, no qual as partículas, atômicas e subatômicas, param de se movimentar e de emitir energia. Assim sendo, teoricamente, o tempo (físico) também para. Portanto, é possível que antes da singularidade, ou um pouco antes do início do Big Bang, o que seria chamado de universo ou espaço estaria nessa temperatura.

*Em verdade teorizam que variava de 6 K a 14 K (-267C a -259 ºC). 


Cronologia teórica (em inglês) da criação do Universo através do Big Bang. O nascimento do Cosmo gerou extremos: da temperatura mais baixa à mais alta, da menor dimensão à vastidão.



Os cientistas calcularam a idade aproximada do universo retrocedendo o tempo que ele levou para preencher o espaço (conhecido até agora) percorrido pela matéria: c.13,5 bilhões de anos. A Terra é bem antiga, pois possui c.4,5 bilhões de anos, ou seja, 1/3 da idade do universo.


Os cosmologistas também levantam a hipótese de que pode ocorrer mais tarde o contrário da expansão contínua - quase como o conceito de ação e reação newtoniana -, o movimento de contração, ou seja, a volta de tudo para a mesma singularidade (condensando, esmagando, destruindo tudo). 


Repete-se assim a ideia de criação e destruição, que há séculos diversas culturas pregam. Xiva, divindade hindu, dançando cria e destrói ciclicamente o mundo. A dança do deus representa a natureza rítmica do tempo, assim como a vida de todos os seres vivos (do nascimento à morte). 


Diversas culturas possuem mitos que afirmam que o universo teve um início temporal ou sempre foi eterno ou é rítmico (cíclico: criação e destruição constantes).




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SERÁ QUE O BIG BANG REALMENTE EXISTIU?

Novos cálculos complexos preveem que o Universo não teve começo - e não terá fim
Seria a confirmação científica do UNIVERSO ETERNO?


A teoria mais aceita hoje é que o Universo teve um início: o Big Bang, a explosão de um ponto infinitamente denso, uma singularidade. A partir dessa explosão, teria havido uma expansão e o resultado seria o Universo atual. Essa teoria é baseada na relatividade geral, proposta por Einstein.

No entanto um novo modelo, que mistura correções quânticas na teoria de Einstein, sugere que não houve Big Bang. E que, na verdade, o Universo não começou: ele sempre existiu.

"A singularidade do Big Bang é um problema para a relatividade, porque as leis da física já não fazem sentido pra ela", afirma Ahmed Farag Ali, pesquisador da Universidade Benha, no Egito. Ele e o coautor Saurya Das, da Universidade de Lethbridge, em Alberta, no Canadá, mostraram que esse problema pode ser resolvido se acreditarmos em um novo modelo, no qual o Universo não teve começo - e não terá fim.

Os físicos esclarecem que o que eles fizeram não foi simplesmente eliminar a singularidade do Big Bang. Eles se basearam no trabalho de David Bohm, físico que, nos anos 1950, explorou o que acontecia se substituíssemos a trajetória mais curta entre dois pontos numa superfície curva por trajetórias quânticas. No seu estudo, Ali e Das aplicaram as trajetórias Bohminanas a uma equação que explica a expansão do universo dentro do contexto da relatividade geral. Com isso o modelo contém elementos da teoria quântica e da relatividade geral. Os pesquisadores esperam, com isso, que seu modelo se mantenha mesmo quando uma teoria completa da gravitação quântica for formulada.

Mas então o Universo não teve nem começo e nem fim? Com o modelo, os físicos estabelecem que o Universo tem um tamanho finito - e, com isso, podem dar a ele idade infinita, o que combina com nossas medições de constantes cosmológicas e de densidade.

O modelo descreve o Universo como preenchido com fluido quântico, que seria composto de gravitons, partículas hipotéticas que mediam a força da gravidade. Se eles existem, eles teriam um papel essencial na teoria da gravitação quântica. Agora os físicos pretendem analisar perturbações anistrópicas no Universo, elevando em consideração a matéria escura e a energia escura, mas eles acreditam que os próximos cálculos não afetarão os resultados atuais. "É satisfatório saber que essas correções podem resolver tantos problemas de uma vez", afirmou Das.


Fontes: 
http://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Espaco/noticia/2015/02/o-big-bang-nao-existiu.html

http://www.jornalciencia.com/universo/diversos/4659-o-big-bang-nunca-existiu-e-o-universo-nunca-teve-comeco-e-nunca-tera-fim-diz-novos-calculos-complexos

Matéria original em inglês: http://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-2947967/Did-Big-Bang-happen-Quantum-model-predicts-universe-NO-beginning-explain-dark-energy.html

Experimento inovador mostra que podemos estar vivendo no passado e em um universo paralelo
Seria uma espécie de UNIVERSO CÍCLICO?

Explicar a existência do tempo e do Universo não é tarefa fácil. Seja através de gravitação de Newton, da eletrodinâmica de Maxwell, da relatividade ou da mecânica quântica de Einstein, todas as equações que descrevem o tempo funcionam melhor se ele flui para a frente ou para trás. Contudo, um novo estudo, mostra uma perspectiva diferente para este assunto que desafia pesquisadores ao longo dos séculos.

O trabalho conduzido por Julian Barbour, da Universidade de Oxford, Tim Koslowski, da Universidade de New Brunswick, e Flavio Mercati, do Instituto Perimeter de Física Teórica, sugere que talvez a chamada “flecha do tempo” (termo cunhado pelo astrofísico Arthur Eddington, em 1927, com base em uma teoria da termodinâmica) é um produto inevitável das leis fundamentais da física.

Barbour e seus colegas argumentam que é a gravidade, em vez da termodinâmica, que libera a “corda” do “arco” que deixa a flecha do tempo voar. As conclusões do estudo foram publicadas em outubro na revista Physical Review Letters.

A equipe de pesquisadores chegou a esta conclusão após a análise de uma simulação de computador de 1.000 partículas, parecidas com pontos, interagindo sob a influência da gravidade newtoniana. A análise mostrou que o sistema de partículas se expandiu para fora, em duas direções temporais, criando duas flechas distintas, simétricas e opostas de tempo. Ao longo de cada um dos dois caminhos temporais, a gravidade puxa as partículas para um modelo maior e mais ordenado, equivalente a estruturas de aglomerados de galáxias, estrelas e sistemas planetários. A partir daí, a explicação padrão da termodinâmica para a passagem do tempo poderia se manifestar e se desenrolar em cada um dos dois caminhos divergentes. Em outras palavras, o modelo tem um passado, mas dois futuros. Contudo, o observador em um destes “futuros” poderá ver e experimentar apenas um deles.

Embora o modelo ainda seja inicial e não incorpore a mecânica quântica ou a relatividade geral, as suas potenciais implicações são vastas. Se isso vale para o nosso universo real, neste caso, o Big Bang não poderia mais ser considerado um início cósmico, mas apenas uma fase em um universo efetivamente atemporal e eterno.



"Esta situação de dois futuros exibiria um único passado, caótico em ambos os sentidos, o que significa que haveria essencialmente dois universos, um de cada lado deste estado central", diz Barbour. "Se eles foram suficientemente complexos, ambos os lados poderiam sustentar observadores que percebem o tempo indo em direções opostas. Qualquer ser inteligente não definiria sua flecha do tempo como se afastando desse estado central. Eles pensariam que agora vivemos em seu passado mais profundo", finaliza Barbour.

Business Insider


Fonte: http://seuhistory.com/noticias/experimento-inovador-mostra-que-podemos-estar-vivendo-no-passado-e-em-um-universo-paralelo

MATÉRIA ESCURA: O VERDADEIRO TÚNEL DO TEMPO E ESPAÇO?

"Obviamente não estamos a dizer que a nossa galáxia é de certeza um wormhole, mas simplesmente que, de acordo com os modelos teóricos, a hipótese é uma possibilidade", contou um dos responsáveis pelo estudo, Paolo Salucci, num comunicado da SISSA (Escola Internacional para Estudos Avançados), em Trieste, Itália.

O estudo, publicado na revista científica Annals of Physics, confirma que é possível que existam túneis deste género, chamados wormholes, "na maioria das galáxias espirais", como é o caso da nossa, a Via Láctea. Wormhole é a palavra inglesa usada para descrever uma espécie de túnel do espaço e do tempo, através do qual seria possível viajar para surgir noutro lugar e noutra altura no Universo. Trata-se de um conceito hipotético que existe na física há muito tempo, mas que recentemente tem tido mais destaque graças ao filme Interstellar.

Fonte: http://jornalggn.com.br/noticia/astrofisicos-avancam-no-entendimento-da-materia-escura

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Estamos acostumados à ideia de tempo linear. Assim sendo, nossa cultura é monocrônica: o tempo se estende como um longo caminho,  no qual o passado é um presente que já aconteceu e o futuro é um presente que acontecerá. Porém, para outras culturas o tempo é policrônico: passado, presente e futuro são partes de um mesmo ciclo (eis o tempo e espaço unidos de Einstein!), que é trilhado infinitamente. O presente é apenas uma referência no tempo cíclico, pois o futuro já foi passado um dia.




O texto atribuído ao religioso jainista indiano Jinasena (século VIII) fala de um universo sem começo, que sempre existiu e existirá:


Saiba que o mundo, assim como o tempo, não foi criado, não tendo princípio nem fim, e é baseado nos Princípios, vida e natureza. Eterno e indestrutível, o Universo sobrevive sob a compulsão de sua própria natureza [...].


Não podemos esquecer que o tempo da história da humanidade, de alguns milhares de anos, é insignificante frente aos tempos evolutivos de bilhões de anos do planeta e do universo. Entretanto, Einstein nos lembra que "tudo é relativo". Para a maioria das pessoas, décimos, centésimos e milésimos de segundo são irrelevantes. Mas a um atleta, por exemplo, podem ser fundamentais para se estabelecer um novo recorde.


Uma coisa é certa, o tempo como conhecemos no dia-a-dia (a contagem do mesmo) é uma criação humana. Um produto de nossa mente com objetivos sobretudo práticos para as sociedades, assim como diversas outras coisas. A água já existia antes do homem criar sua fórmula química (H2O). Da mesma forma devemos encarar aquilo que chamamos "tempo".

Observação:

O Universo, diferente do que se pensava, está acelerando ao invés de desacelerar, ou seja, expandindo-se desde o Big Bang.

Partículas subatômicas podem estar conectadas mesmo a milhões de anos luz uma da outra:

Não importa que uma das partículas esteja na Via Láctea e a outra na vizinha Andrômeda – se houver entre elas o chamado entrelaçamento quântico, uma é parte indissociável da outra. Elas se influenciam instantaneamente, superando até mesmo a velocidade da luz. Isto é possível pois o princípio sugere que a matéria universal esteja interligada por uma rede de “forças” [provavelmente algo relacionado à matéria escura, possível acelerador da expansão do universo], sobre a qual pouco conhecemos, que transcende até mesmo nossa concepção de tempo e espaço.

Fonte: http://www.misteriosdoespaco.com/2014/07/7-coisas-que-comprovam-que-voce-e-o.html , com adição.

ALGORITMO: O NOSTRADAMUS DA CIÊNCIA

Algoritmos são processos de cálculos que podem ser utilizados para diversas finalidades. Em termos mais técnicos, um algoritmo é uma sequência lógica, finita e definida de instruções que devem ser seguidas para resolver um problema ou executar uma tarefa. É caracterizado por qualquer forma de resolver um problema de forma procedural a partir de padrões e regras.

Um algoritmo nada mais é do que uma receita que mostra passo a passo os procedimentos necessários para a resolução de uma tarefa. Por isso são bastante utilizados em computadores e demais elementos da informática.

Embora você não perceba, utiliza algoritmos de forma intuitiva e automática diariamente quando executa tarefas comuns. Como estas atividades são simples e dispensam ficar pensando nas instruções necessárias para fazê-las, o algoritmo presente nelas acaba passando despercebido.

Em verdade, os cálculos NÃO preveem o futuro, mas dão probabilidades de certos eventos ocorrerem futuramente, analisando as sequências dos acontecimentos que se sucedem com mais ou menos regularidade ou repetição.

Quer um exemplo? “Se uma enchente surge dois anos após uma seca, poucas semanas depois a probabilidade de surgir uma epidemia de cólera é enorme, principalmente em países com PIBs baixos e pouca concentração de água limpa”. Quem afirmou isso foi a jovem cientista israelense Kira Radinsky, que criou um algoritmo que "prevê" (determina probabilidades sobre) o futuro.


O TEMPO PSICOLÓGICO & BIOLÓGICO


... el tiempo parece tardío y perezoso á los que en él esperan, en fin corre á las parejas con el mismo pensamiento, y llega el término que quiere, porque nunca pára ni sosiega.

[Trecho de El Celoso Extremeño, em Novelas Ejemplares, de Miguel de Cervantes]


Tradução: "Embora o tempo pareça lento e preguiçoso aos que esperam, corre, na verdade, junto ao próprio pensamento, e depressa chega ao término, porque nem pára nem descansa." 

Você já sentiu que o tempo parece passar mais depressa ou devagar em determinados momentos de nossa vida? O nosso sentido de tempo não é imutável ou constante, varia de acordo com as emoções ou em certas situações. É o tempo como a gente o percebe, através de nossos sentidos (sistema nervoso) e mente (consciência).

Quando aguardamos a chegada de uma pessoa amada, que estava ausente há um longo período, 20 minutos (marcados no relógio) de expectativa parecem durar 1 hora ou mais. Quando ela chega e parte novamente, os mesmos 20 minutos parecem terem sido apenas 5. 

Nesse contexto, declama o deus escandinavo Frey, aguardando a chegada da belíssima Gerda, através da pena do poeta Henry W. Longfellow:

Uma noite é bem longa
E duas mais longas ainda.
Como, porém, suportarei três noites?
O espaço de um mês
Antes me parecia
Mais curto que a metade desse tempo.

[BULFINCH, op. cit., p.387]

Quando fazemos uma atividade que não nos agrada, os ponteiros do relógio parecem que quase não se movem. Quando realizamos algo que nos dá prazer, os mesmos ponteiros do mesmo relógio parecem girar rapidamente.

A MÚSICA "DESACELERANDO" O TEMPO

Já se sabe que quando a música provoca uma experiência de grande intensidade, o cérebro humano tem reações diferentes em seu córtex sensorial, causando um sentimento de atemporalidade.

Se você ouvir música clássica, seu cérebro não vai conseguir interpretar os batimentos por minuto, até porque eles são propositalmente vagos e se alteram a todo momento. Essa irregularidade promove uma sensação de que o tempo não está passando. O começo da música é lento, depois passa a ser mais rápido e, finalmente, se torna animado e cheio de energia. Se você se concentrar nela, talvez nem repare que quase 30 minutos vão se passar até o final da composição.

Essa capacidade de distorcer nossa noção de tempo faz da música uma manipuladora comportamental. É por isso, por exemplo, que academias de ginástica escolhem músicas eletrônicas, e restaurantes, músicas mais calmas e relaxantes. O mesmo acontece com algumas lojas, que apostam na música para tornar o ambiente mais atrativo e agradável.


Alguns estudos recentes comprovaram que músicas calmas fazem com que os consumidores fiquem mais tempo dentro de algumas lojas, o que nos leva à conclusão de que canções relaxantes nos fazem perder a noção de tempo muitas vezes.



Quando crianças também tínhamos uma noção de tempo diferente das pessoas mais velhas. 1 ano, por exemplo, parecia durar bem mais tempo. Hoje, com o nosso cotidiano sempre apressado, um ano, em geral, parece passar mais veloz.


Aliás, como na 1ª quadra da vida (de 0 a 20 anos) o desenvolvimento biológico das pessoas - crescimento e envelhecimento - é mais intenso e evidente, observadores mais velhos, que não convivem diariamente com os observados mais novos (sobretudo, crianças e adolescentes), acham que os anos passaram mais rápidos ao percebê-los maiores a cada reencontro, e geralmente se espantam: 


- Puxa, como esse garoto(a) cresceu! Estou ficando velho!


As Três Idades do Homem e A Morte (1539). 
Pintura de Hans Baldung Grien.

Uma vida em pouco mais de quatro minutos:
https://www.youtube.com/watch?v=AWGrUEyu-L0
Muitos orientais creem na reencarnação, vejam os desenhos de um artista oriental, feitos no Photoshop, de uma mulher ao longo da vida até o início de uma nova vida

QUANTO TEMPO GASTAMOS VIVENDO


Durante sua vida, você vai gastar tempo em atividades básicas, isto é, obrigatórias para se manter saudável e viver bem, enquanto outras vão pelo lado do lazer e do entretenimento. Os números são:

Dormindo: 25 anos 
Comendo: 3,66 anos 
Tomando banho: 1,5 anos 
Limpando: 1,1 anos 
Trabalhando: 10,3 anos 
Cozinhando: 2,5 anos 
Beijando: 14 dias 
Transando: 48 dias 
Vendo televisão: 9,1 anos. Destes, 2 anos correspondem a comerciais 
Navegando na Internet: 3,3 anos 
Preso no trânsito: 3 meses
Sentado em um escritório (se trabalha em escritório): 5 anos 
Mulher escolhendo roupa: 1 ano 
Homem cantando mulher: 1 ano 
Mulher fazendo compra: 8 anos 
Mulher arrumando o cabelo: 1,3 anos

Bastante impressionante se considerarmos quão valioso é o tempo, não é mesmo?

Talvez isso sirva para reavaliar suas prioridades, como gastar menos tempo no banheiro e beijar mais. Já sabemos quanto tempo utilizaremos em atividades básicas e de lazer, mas também é interessante saber quantas vezes realizaremos uma ação ou em que quantidade.

Risos: 290 mil vezes
Vida ao ar livre (para quem reside na cidade): 10% de sua existência
Caminhando: 177.027 quilômetros
Café: 12 mil xícaras
Dizer grosserias ou palavrões: 2 milhões de vezes
Sonhos: 157.200

Estes números são estatísticas médias, motivo pelo qual não representam individualmente uma pessoa, mas sim nos dão uma ideia de quantas vezes vamos realizar ações típicas de todos os dias.

Se você for jovem, o mais provável é que estes números subam à medida que crescem as expectativas de vida, mas nunca é demais conhecê-las e revisar em seu dia a dia, pois talvez esteja gastando um tempo valioso que preferiria utilizar para coisas mais importantes.




Ratificamos que o "tempo" ou a precisa noção dele é uma criação humana. Para os cães, por exemplo, existe apenas o presente: a vivência prática do momento. Isso acontece porque seu raciocínio funciona a base de flashes, ou seja, de maneira descontínua e superficial.


O passado para os animais (varia entre as espécies) é apenas acontecimentos relativamente recentes e que se repetem ou que aconteceram e são relembrados pelos seus sentidos, quando entram em contato com algo ligado aos acontecimentos passados. 


Um cão pode reconhecer uma pessoa ou o caminho de casa ou a hora de comer, porque seus sentidos como visão, audição e olfato já entraram em contato com tais experiências anteriormente, e um novo contato faz que o cérebro as relembre. No entanto, sem esse processo, diferente dos humanos, o animal não pode, apenas pelo pensamento, fazer recordações.


O cão só sente falta dos donos ausentes (ou de outros ligados a eles), porque tais pessoas conviveram com o cão por um período relativamente longo e criaram vínculos afetivos.


Nós também relembramos certos acontecimentos de forma quase parecida, quem já não sentiu saudades de uma época da vida ao ouvir determinada música ou fotografias antigas?


Os cães também não possuem a noção do futuro, a não ser quando aguardam alguma atividade rotineira que ainda não ocorreu e costuma ocorrer em determinado momento do dia, a exemplo da hora do passeio noturno diário, quando o dono retorna do trabalho.


Enfim, somente nós humanos possuímos uma noção mais aprofundada e longínqua do tempo. Contudo, temos muito o que aprender com os cães: se concentrar mais no presente e não permitir que o excesso de preocupações quanto ao passado e futuro atrapalhe nossa vida cotidiana.






Quando vivenciamos um momento de perigo, a exemplo de um acidente de trânsito ou assalto, a descarga de adrenalina no cérebro aumenta a nossa atenção sobre o que está ocorrendo em volta. Assim sendo, a percepção do tempo imediato muda e as coisas parecem acontecer mais devagar. 1 minuto sob a mira de uma arma parece durar 1 hora. O mesmo ocorre em uma pessoa com claustrofobia presa num elevador.



E no nível do subconsciente (ou não desperto) a noção de tempo também muda. Já percebeu que nos sonhos uma vida inteira pode se passar em poucas horas de sono? Vide o filme "A Origem" (Inception, de Christopher Nolan, protagonizado por Leonardo Di Caprio). 

A MEDITAÇÃO "MODIFICA" O TEMPO

MEDITAR É DIFÍCIL porque nossa mente está condicionada a não viver no momento presente. Ela gosta de remoer o passado e de planejar o futuro. Aí fica difícil mesmo.

Um dos princípios do budismo, já defendido também por pensadores como William James e por artistas como George Harrison (ex-Beatle), é insistir nas tentativas de viver o agora. É por não vivermos o agora ou por vivermos um agora sempre da mesma forma que o tempo parece passar tão rápido. Já é comprovado que a meditação, por outro lado, tem o poder de deixar nossa percepção de tempo mais demorada.

A meditação é uma grande ferramenta para pessoas ansiosas e depressivas. Por isso, por mais difícil que pareça ser, tente meditar de vez em quando. Pode ser que no começo você se sinta ridículo, mas é só uma questão de prática. A regra é tentar viver o agora.


Nosso corpo também tem o seu próprio tempo. Você já deve ter ouvido o termo "relógio biológico". Sono, ciclo menstrual, respiração, pressão sanguínea, divisão celular e várias respostas corporais parecem não obedecer convenções sociais ou opções pessoais. São inerentes à estrutura do nosso organismo. 


Nossa temperatura corporal, por exemplo, sempre varia em um grau celsius durante o dia. São os ciclos cicardianos (cerca de um dia). Existem ciclos biológicos de períodos de sete dias, que podem ter dado origem à semana, além das quatro fases da lua, cada uma com sete dias, que determinam cada mês.

Elementos externos como isolamento social, temperatura do ambiente e luminosidade também podem alterar a noção de tempo. Experiências realizadas com pessoas isoladas em cavernas e estações polares (sem relógios) comprovou que elas dormiam ou faziam atividades em mais ou menos tempo do que se estivessem em condições normais. Se estivermos num ambiente de luz e temperatura constantes, nosso ciclo cicardiano será de 25 horas. Os mais jovens e extrovertidos podem alterar seus ciclos com mais facilidade.


O "ACELERADO" TEMPO DA ROTINA 


Se alguém colocar você dentro de uma sala branca vazia, sem nenhuma mobília, sem portas ou janelas, sem relógio… você começará a perder a noção do tempo. Por alguns dias, sua mente detectará a passagem do tempo sentindo as reações internas do seu corpo, incluindo os batimentos cardíacos, ciclos de sono, fome, sede e pressão sanguínea.

Isso acontece porque nossa noção de passagem do tempo deriva do movimento dos objetos, pessoas, sinais naturais e da repetição de eventos cíclicos, como o nascer e o pôr do sol. Compreendido este ponto, há outra coisa que você tem que considerar:

Nosso cérebro é extremamente otimizado. Ele evita fazer duas vezes o mesmo trabalho. Um adulto médio tem entre 40 e 60 mil pensamentos por dia. Qualquer um de nós ficaria louco se o cérebro tivesse que processar conscientemente tal quantidade.

Por isso, a maior parte destes pensamentos é automatizada e não aparece no índice de eventos do dia e portanto, quando você vive uma experiência pela primeira vez, ele dedica muitos recursos para compreender o que está acontecendo. 


É quando você se sente mais vivo.

Conforme a mesma experiência vai se repetindo, ele vai simplesmente colocando suas reações no modo automático e ‘apagando’ as experiências duplicadas. Se você entendeu estes dois pontos, já vai compreender porque parece que o tempo acelera, quando ficamos mais velhos e porque os Natais chegam cada vez mais rapidamente.


[...]


Enfim… as experiências novas (aquelas que fazem a mente parar e pensar de verdade, fazendo com que seu dia pareça ter sido longo e cheio de novidades), vão diminuindo.

Até que tanta coisa se repete que fica difícil dizer o que tivemos de novidade na semana, no ano ou, para algumas pessoas, na década. Em outras palavras, o que faz o tempo parecer que acelera é a… rotina.

[Trecho do artigo de Airton Luiz Mendonça em O Estado de São Paulo, 2008]

Além do efeito do cotidiano há


O EFEITO TELESCÓPIO

Sabe aquela festa de Ano Novo que parece ter sido ontem, mas foi em 2002? Pois é. À medida que o tempo passa e as pessoas vão envelhecendo, a sensação de que “parece que foi ontem” é cada vez mais comum.

Isso é conhecido também como “efeito telescópico”, e ele é responsável pela ilusão de que os anos passam mais rapidamente quando ficamos mais velhos. Esse “tempo telescópico” é fruto da discrepância entre a medida de tempo tradicional e a noção de tempo de cada indivíduo, algo bastante subjetivo.

Se você não compra essa ideia de subjetividade, que tal pensar na coisa de maneira matemática? Por exemplo: quando você tem 10 anos, um ano da sua vida representa 10% dela. Agora quando você está com 60 anos, um ano passa a representar 1,67% da sua vida. A quantidade de tempo é a mesma, mas a proporção, definitivamente, não é.





A rotina é o contrário da poesia 

(Ferreira Gullar).

Uma pessoa com febre sente o tempo passar mais devagar. O mesmo ocorre no final do dia, quando nosso corpo costuma ficar mais quente (um engarrafamento de trânsito no fim da tarde nos parece "mais interminável" do que no início da manhã) pois o nosso metabolismo costuma ser maior nesse período, do que quando nós acordamos.


Cada volta do relógio nos deixa mais próximos do fim da vida física: nossa única certeza nesse sentido.


Tempo perdido

Havia um tempo de cadeiras na calçada. Era um tempo em que havia mais estrelas. Tempo em que as crianças brincavam sob a claraboia da lua. E o cachorro da casa era um grande personagem. E também o relógio de parede! Ele não media o tempo simplesmente: ele meditava o tempo.


Mario Quintana, in Caderno H, 1a ed. 1973.


O LADO B da VIDA

Imprestável antes das 10 da manhã? Você pode ser uma “pessoa B”

"Sociedade B" quer que escolas e escritórios ofereçam horários alternativos para pessoas que tem um relógio biológico diferenciado.

Bom dia pra que? Você gosta de manhãs calmas e de noites agitadas? Acha que a vida é curta demais para perder tempo em congestionamentos? É mais produtivo depois das 10 da manhã? Se você respondeu sim a essas questões, muito provavelmente você é uma “pessoa B”. E o que isso quer dizer?

Cada um tem um relógio biológico diferente e, enquanto que alguns gostam de acordar cedo e conseguem trabalhar direito às 7:30 da manhã, outros se sentem melhores e mais produtivos à noite. No entanto, a sociedade é injusta e o mercado só fica aberto até as 22h, os chefes não oferecem turnos diferenciados e a escola começa às 7:15 da manhã.

Tentando consertar essa injustiça, foi criada a chamada “Sociedade B”, um mundo em que é possível trabalhar, estudar, ir ao cinema e pagar contas em um horário alternativo. Se o organismo de algumas pessoas é feito para a noite, por que obrigá-las a acordar cedo e estar na cama antes das 23h, tornando suas vidas um verdadeiro inferno?

A vida começa depois das 10h

Na Suécia, a primeira instituição a reconhecer a legitimidade da “Sociedade B” foi uma escola de segundo grau, que passou a oferecer a opção de turnos entre as 20h e as 8h. Afinal, um aluno que chega atrasado todos os dias nem sempre é preguiçoso, ele pode ser apenas uma “pessoa B”.

O manifesto da “Sociedade B” garante que trocas de horário na escola ou no trabalho podem aumentar a produtividade da pessoa e deixá-la mais feliz. Se você é imprestável no escritório até as 10 da manhã, por que seu chefe não permite que você faça um horário diferenciado, começando às 10:30 ou 11 horas?

Adotar horários diferenciados também acabaria com o que hoje conhecemos como “hora de pico”. Haveria menos congestionamento, menos filas e mais alegria.

A “Sociedade B” começou na Dinamarca, onde escolas e escritórios já estão se acostumando com as pessoas que acordam um pouco mais tarde, mas que rendem até tarde da noite. A ideia é que iniciativas assim surjam na Finlândia, na Noruega e até mesmo na Inglaterra ainda este ano.

Não precisar acordar cedo e poder viver até a madrugada não é uma má ideia! Gostou do movimento?


Fonte: http://zoinc.com.br/experiencias/09-2012/sociedade-b-quer-facilitar-a-vida-de-quem-e-imprestavel-antes-das-10-da-manha

PORÉM, HÁ CONTROVÉRSIAS QUANTO AOS PREJUÍZOS À SAÚDE:

CUIDADO COM OS HORÁRIOS "ANTISSOCIAIS"!!!

Sabemos que trabalhar contra o relógio biológico pode causar doenças como câncer de mama e obesidade. O nosso relógio interno é projetado para atividades diurnas e descanso (sono) noturno.

Novo estudo mostra que o cérebro é prejudicado pelos horários antissociais ou "antinaturais": quando pessoas trocam o dia pela noite para realizar atividades ou vivem com poucas horas de sono. 

Estudo publicado na revista Occupational and Environmental Medicine, afirma que dez anos de jornadas de trabalho instáveis envelhecem o cérebro em mais de seis anos. Quando as pessoas param de trabalhar em horários alternados há recuperação, mas o cérebro leva cinco anos para recuperar-se, porém nem sempre isso é possível.

Ao que parece, o tempo antinatural da vida contemporânea pode colaborar com a aceleração de casos de demência.


Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/bbc/2014/11/1542958-trabalhar-em-horarios-antissociais-envelhece-o-cerebro-diz-pesquisa.shtml


O hábito também pode "disciplinar" temporalmente nosso corpo e cérebro. Exemplo: se estamos acostumados a nos alimentar, dormir ou ir ao banheiro em determinado horário, e algum imprevisto "quebra" esse cotidiano (principalmente se for cultivado a longo tempo com poucas interrupções), certamente teremos fome, sono ou ficaremos "apertados" durante esse período.




O TEMPO NAS SOCIEDADES


O Capitalismo é o senhor do tempo. Mas tempo não é dinheiro. Isso é uma brutalidade. O tempo é o tecido das nossas vidas.
(Prof. Antônio Cândido)

Não se pode pensar em tempo sem pensar na administração dele, sem discutir a otimização do tempo no sentido da quantificação de atividades possíveis e o nível de satisfação que sentimos ao realizá-las.

A prioridade da relação interpessoal nas atividades humanas mudou muito no aspecto do uso do tempo ao longo dos séculos. Há cerca de 100, 200 anos ou mais, os horários não eram tão relevantes quanto às relações entre as pessoas. Numa transação comercial, comerciários e clientes daquelas épocas usualmente levavam bem mais tempo conversando e tomando um cafezinho, durante um negócio, do que hoje.

O MINUTO NOVA IORQUE
a "brecada" no tempo corrido das grandes cidades

Essa questão de relatividade é tão verdadeira que o apresentador norte-americano Johnny Carson chegou a chamar de “minuto Nova Iorque” o tempo entre a luz do semáforo ficar verde e a pessoa atrás de você buzinar.

A ideia de Carson era justamente chamar a atenção para a velocidade das coisas na Big Apple, onde tudo acontece rápido demais a todo o momento. Por outro lado, em cidades grandes demais e com muita informação, é comum que as pessoas às vezes tenham a sensação de que o tempo para por alguns segundos.

Isso acontece geralmente quando a cabeça faz um movimento brusco – repare. A explicação para isso é que quando a velocidade é grande demais, o cérebro acaba não recebendo todas as informações que deveria, por isso a pessoa tem a sensação de que o tempo demorou mais para passar.


Na maior parte das culturas não-industrializadas o tempo está associado à biologia, a um curso natural das coisas que não tem exatamente um objetivo, além é claro de comer, divertir-se e ter alguma segurança e afeto. Ainda nos dias atuais isso é observado em sociedades, nas quais o tempo é policrônico. Hábito que está sendo "caçado e extinto" com o fenômeno ocidental chamado de globalização.

Quando a atividade principal do homem era caçar ou criar animais, colher vegetais ou cultivá-los, havia uma profunda relação com os ciclos de tempo da natureza. Era imprescindível conhecer as estações, o comportamento sazonal dos animais e plantas.

O colonizador português, ao chegar ao recém-descoberto Brasil, deu um machado de aço ao índio pensando que com essa ferramenta ele faria (para o europeu) o corte do pau-brasil bem mais veloz e em maior quantidade, do que com o machado de pedra nativo. E realmente o índio fez o trabalho em 1/5 do tempo de costume, porém, não cortou mais madeira do que estava habituado a cortar. Para o índio, não havia sentido em produzir mais do que ele e a tribo estavam acostumados a consumir (geralmente para a construção de paliçadas nas tabas). O dinheiro do branco não valia nada em sua cultura, e por isso foi taxado de preguiçoso pelo colonizador, um injusto estigma ainda carregado pelo brasileiro.


A comercialização do pau-brasil (árvores do gênero Caesalpinia) no século XVI foi a primeira atividade econômica (capitalismo) desenvolvida, em maior escala, que modificou a percepção do tempo nos povos nativos.

Como já vimos, a revolução industrial (e antes dela o mercantilismo surgido no século XVII) foi preparando as pessoas para um conceito diferente de tempo. Karl Marx observou que o valor dos produtos tem a ver com o tempo empregado em sua feitura. Se um carpinteiro faz um móvel em um mês e uma fábrica faz o mesmo produto em um dia, o móvel do carpinteiro sairá a um preço maior do que o da fábrica.

A partir daí, pensa-se que fazendo algo mais rápido é sempre melhor, porque será possível fazer mais. Isso é desmentido pelos inúmeros defeitos de fabricação, que motivam, por exemplo, os constantes recalls das indústrias montadoras de automóveis. Em verdade, fazer melhor é ter prazer e sentido no que se está fazendo. A relação das pessoas com o tempo deveria visar mais o processo do que o objetivo final da produção.


Operários (1933), pintura de Tarsila do Amaral.


Os tempos modernos trouxeram máquinas e sua alta tecnologia para acelerar nossas atividades: a máquina de lavar roupas que faz o trabalho mais rápido do que as antigas mulheres lavadeiras, o forno de microondas que cozinha ou aquece a comida mais velozmente do que o fogão à lenha ou a gás, o computador que organiza e agiliza o trabalho, o telefone celular que pode ser usado enquanto nos movemos, o avião que "encurtou a distância" entre os países... e mesmo com tudo isso nos sentimos cada vez com menos tempo.


Foto dos anos de 1950 enfatizando 
o "admirável mundo novo" da dona de casa.

O estudo básico das ciências econômicas nos diz que a economia se move de acordo com as necessidades e desejos dos homens, lembrando que novos desejos e necessidades são criados constantemente. A partir das últimas décadas, observa-se um consumismo, material e intelectual (a exemplo da informação), desenfreado. O tempo agora, mais do que em séculos anteriores, é usado para produzir e consumir. E em muitos casos, produtos nem tão necessários (quinquilharias). Certo pensador oriental deixa isso bem claro:

Tente entender o que é o desejo. Desejo significa que exatamente agora você não está bem, você não está à vontade. Neste exato momento, você não está à vontade consigo mesmo; e alguma outra coisa, no futuro, se satisfeita, lhe trará paz. A satisfação está sempre no futuro; nunca está aqui e agora. Essa tensão da mente pelo futuro é o desejo. O desejo significa que você não está no momento presente. E tudo o que existe é somente o momento presente. Você está em algum lugar no futuro e o futuro não existe. Ele nunca existiu, ele nunca existirá. Tudo o que existe é sempre o presente – este momento.

Chandra Mohan Jain ou Osho (1931-1990)

Parece que o caminho para a felicidade passa, necessariamente, pelas compras. E as pessoas querem comprar os produtos e rapidamente descartá-los, substituindo por novos. Isso representa grande desperdício de recursos naturais do planeta (Zygmunt Bauman).

Fonte: http://lounge.obviousmag.org/sarcasmo_e_sonho/2014/02/gastadores-solitarios-e-conectados.html

Procura-se sempre o último ou mais avançado produto, como na informática, a exemplo dos uploads ou upgrades. Parece que tudo se torna ultrapassado em cada vez menos tempo de existência, uma caducidade relâmpago (pelo menos é o que o mercado nos faz crer). Por vezes sai mais em conta comprar certo produto novo do que mandá-lo para o conserto.


O Tempo Morto do Consumismo do século XXI

Sou pessimista. As pessoas vivem melhor do que há 50 anos. Os negros, apesar de ainda estarem pior do que os brancos, vivem melhor. Mas, na vida contemporânea nos EUA, a maioria das pessoas têm vidas menos ricas do que as que viviam confortavelmente há 50 anos. Suas vidas são menos ricas -não economicamente. As pessoas pensam em preencher suas vidas com coisas, não têm interesses variados, veem TV -que é terrível. Ler livros, ver pinturas, escutar música olhar a paisagem, caminhar pela natureza -tudo isso trazia uma vida mais rica do que ficar em frente à TV, falar ao celular, entrar em redes sociais. A amizade mudou. Hoje é clicar no computador. Amizade não é mais uma coisa rica, de falar, olhar e fazer coisas junto.

Minha filha trabalhou numa empresa de desenvolvimento de programas de computador. Muitos de seus colegas têm em torno de 20 anos e ganham muito dinheiro. Perguntei a ela o que eles fazem com tanto dinheiro. Ela me disse: apenas compraram o que seriam brinquedos. Mas brinquedos grandes: vários carros, barco, sem falar nas traquitanas tecnológicas. Trabalham muito; não têm tempo para viajar. São apenas crianças grandes com a chance de fazer o que quiserem. E o que eles fazem é comprar objetos. É uma vida superficial.


Entrevista com o filósofo canadense Barry Stroud: 
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2014/12/1559430-superficialidade-da-vida-atual.shtml

Inventamos uma montanha de consumo supérfluo, e é preciso jogar fora e viver comprando e jogando fora. E o que estamos gastando é tempo de vida. Porque quando eu compro algo, ou você, não compramos com dinheiro, compramos com o tempo de vida que tivemos de gastar para ter esse dinheiro. Mas com esta diferença: a única coisa que não se pode comprar é a vida. A vida se gasta. E é miserável gastar a vida para perder liberdade.

(José Alberto "Pepe" Mujica, ex-Presidente da República do Uruguai).

SEJAMOS CONSUMIDORES, NÃO CONSUMISTAS
Zygmunt Bauman


Não se pode escapar do consumo: faz parte do seu metabolismo! O problema não é consumir; é o desejo insaciável de continuar consumindo… Desde o paleolítico os humanos perseguem a felicidade… mas os desejos são infinitos. As relações humanas são sequestradas por essa mania de apropriar-se do máximo possível de coisas.

[...]

A sociedade de consumo é uma montagem que consiste em que colhas tudo o que há ao teu redor para te preencher. O manifesto gerador [sociedade generativa] propõe o contrário: tudo o que tu podes dar à sociedade, é a única coisa que pode nos salvar.


Ler a entrevista completa em: http://colunastortas.com.br/2015/05/18/nao-se-pode-escapar-do-consumo-revela-zygmunt-bauman/

A metade do problema é o excessivo consumismo, o esbanjamento que predomina. E é por isso mesmo que nenhum provável partido de poder não promete aos seus eleitores que combaterá o consumismo. Não falamos, naturalmente, para frugalidade, mas para mudança da forma de pensar e de forma de vida, com ênfase na satisfação das necessidades e não a satisfação dos consumidores. O mundo, então, não esbanja dinheiro para adquirir diversos gadgets como, por exemplo, você adquirir um novo telefone celular, enquanto o antigo continua funcionando perfeitamente.


(Zygmunt Bauman, sociólogo polonês. Entrevista completa sobre a crise entre Grécia e União Europeia em 2015: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/546124-zygmunt-bauman-seus-netos-continuarao-pagando-os-30-anos-da-orgia-consumista)


Eletrônicos e lâmpadas têm data de validade
De acordo com a própria Apple, a bateria do iPhone aguenta cerca de 400 ciclos completos de carga e descarga antes de começar a perder desempenho. Isso acontece por causa dos materiais usados na bateria de todas as fabricantes de smartphones, mas o caso é pior no celular da Apple pois sua bateria não é removível, o que exige assistência técnica (muitas vezes inviável) ou a substituição do aparelho.

O caso é semelhante para as lâmpadas incandescentes. Elas duram cerca de 1.000 horas, mas poderiam durar muito mais. Isso não acontece por causa de um acordo firmado entre as sete maiores fabricantes da época feito nos anos 1920 para limitar a durabilidade do produto e assim vender.

Fonte: Climatologia Geográfica via Facebook

A CADUCIDADE PROGRAMADA DOS CELULARES PARA FAVORECER O CONSUMISMO



No momento, absolutamente todos os fabricantes de telefones celulares adotam essa prática. Quando o celular fica mais lento ou certos aplicativos não funcionam, o usuário já começa a pensar que é normal", afirma Benito Muros, presidente da Fundação Energia e Inovação Sustentável Sem Obsolescência Programada (Feniss). Atualmente, a vida útil de um telefone, observa ele, é de dois anos. Depois disso, é comum que eles comecem a dar problemas e Muros explica que o reparo pode custar até 40% do que se gastaria na compra de um novo. 


Felizmente há gente que está repensando sobre os hábitos do consumo e da caducidade dos produtos consumidos. A empresa espanhola SOP é um exemplo de produção e consumo conscientes:

A bateria de um celular morre em dois anos, um computador em quatro, a geladeira está tendo problemas em oito anos e de repente, em um belo dia, a televisão lhe diz adeus.

“Não há nada para se fazer além de comprar outra”.


É possível fazer produtos que durem mais do que isso? Quem sabe a vida toda?


Benito Muros da SOP (Sem Obsolescência Programada), diz que é possível. Por isso está ameaçado de morte.


O conceito de obsolescência programada surgiu entre 1920 e 1930 com a intenção de criar um novo modelo de mercado, que visava a fabricação de produtos com curta durabilidade de maneira premeditada obrigando os consumidores a adquirir novos produtos de forma acelerada e sem uma necessidade real.


As lâmpadas e a luta de Benito Muros respondem a um novo conceito empresarial, baseado em desenvolver produtos que não caduquem, como aquelas geladeiras Frigidaire ou máquinas de lavar Westinghouse que duravam a vida toda.


Uma filosofia empresarial mais conforme com nossos tempos, graças à comercialização de produtos que não estejam programados para ter uma vida curta, senão que respeitem o meio ambiente e que não gerem resíduos que, por vezes, acabam desembocando em containers de lixo no terceiro mundo.



Uma grande ideia: a lâmpada "eterna".

Muros fala sobre seu projeto:

"Se trata de um movimento que denuncia a Obsolescência Programada. Lutamos para que as coisas durem o que tenham que durar, porém os fabricantes de produtos eletrônicos os programam para que durem um tempo determinado e obrigam os usuários a comprar outros novos. A lei permite!


O consumo de nossa sociedade está baseado em produtos com data de validade. Mudar isso suporia mudar nosso modelo de produção e optar por um sistema mais sustentável. Os fabricantes devem ser conscientes de que as crises de endividamento como a que vivemos são inevitáveis e que podemos deter o crime ecológico."


A lâmpada criada pela OEP Electrics responde à necessidade atual de um compromisso com o meio ambiente. Ao durar tanto tempo, não gera resíduos ao mesmo tempo em que permite uma poupança energética de até 92% e emite até 70% a menos de CO2.


Mas, ao que parece, a indústria de produtos elétricos não está muito contente com a descoberta. Benito Muros diz que está sendo ameaçado devido a seu invento e inclusive afirma ter recebido ofertas milionárias para retirar seu produto do mercado.


- “Senhor Muros, você não pode colocar seus sistemas de iluminação no mercado. Você e sua família serão aniquilados”, reza a denúncia que Muros apresentou à Polícia, que apesar do medo não se acovardou.


Para realizar sua pesquisa, Muros viajou até o parque de bombeiros de Livermore (Califórnia), lugar no qual há uma lâmpada que permanece acesa de forma ininterrupta há mais de 111 anos. Ali contatou com descendentes e conhecidos dos criadores da lâmpada, já que não existia documentação a respeito.


Com esta informação conseguiu as bases para começar sua pesquisa, cujo achado supõe um novo conceito de modelo empresarial baseado na não Obsolescência Programada.



Fontes: http://www.eleconomista.es/hpymes/noticias/4290506/10/12/Me-persiguen-por-crear-una-bombilla-que-no-se-funde.htmlhttp://forum.outerspace.terra.com.br/index.php?threads%2Fespanhol-é-ameaçado-de-morte-por-criar-lâmpada-que-não-queima.332943%2F

Eis um excelente vídeo sobre o assunto: https://www.youtube.com/watch?v=q97DdVViqLg&feature=youtube_gdata_player

Aqui algumas soluções para baterias de smartphones, que geralmente duram pouco e têm que ser descartadas ameaçando a Natureza: http://olhardigital.uol.com.br/noticia/o-que-pode-ser-feito-para-melhorar-as-baterias-dos-smarpthones/44146

Cientista mexicano criou bateria com carga que pode durar 100 anos (renovável ou "autorrecarregável") utilizando uma substância produzida por nossa pele, cabelo e revestimento da retina, a melanina: http://seuhistory.com/noticias/cientista-mexicano-cria-uma-bateria-com-carga-infinita

Combustíveis fósseis (gasolina, diesel, carvão mineral etc.) não são renováveis e são muito poluentes. Felizmente, há gente preocupada em mudar o paradigma das fontes de energia não renováveis. Uma grande invenção é o carro movido a água. Esse veículo é uma grande ameaça às poderosas indústrias petroquímicas, mas que esperamos, em futuro próximo, ser viável (menos caro) e mais eficiente do que hoje. Reportagem de uma revista popular especializada em ciência: http://super.abril.com.br/tecnologia/carro-movido-agua-446658.shtml e vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=XcSAEWguGZg Além desse automóvel, há os movidos a bateria, a hidrogênio, a ar comprimido, biocombustível (álcool, óleo de mamona etc.) e outros.

Viver com poucos recursos; procurar a elegância mais do que o luxo e o refinamento mais do que a moda; ser digno, não respeitável; próspero, e não rico; estudar muito, pensar serenamente, falar com gentiliza, agir francamente; prestar atenção às estrelas e aos pássaros, às crianças e aos sábios, de coração aberto; viver tudo com alegria, tudo fazer com coragem... 

William Ellery Channing, pastor unitarista estadunidense (1780 - 1842).


O GOLPE CAPITALISTA DA CADUCIDADE CONTRA O FILTRO DE BARRO 

Uma das maiores sacanagens do capitalismo, em minha opinião, é criar necessidades. Ou seja, fazer você acreditar que precisa de alguma coisa e então passar a não viver mais sem ela. Outra, pior ainda, é conseguir convencer as pessoas de que algo antigo, durável e que funciona perfeitamente na verdade é obsoleto e portanto deve ser substituído. Ambas as situações ocorreram com os filtros de barro no Brasil.

O filtro de barro é, segundo especialistas, a maneira mais segura e eficiente de se filtrar a água de beber que existe. Ela sai do filtro 95% livre do cloro, parasitas, pesticidas, metais como ferro, chumbo e alumínio e o que é melhor, fresquinha, porque a cerâmica diminui a temperatura da água em até 5 graus centígrados.

[...]

No entanto, a partir da década de 1990, fomos convencidos do contrário: que o filtro de barro era ineficiente e até mesmo “cafona”, e que a melhor água para o consumo humano é a engarrafada, pela qual desde então pagamos dinheiro, em vez de utilizar a que vem da torneira, pela qual também pagamos, e 2 mil vezes mais barato.

Para saber mais sobre o assunto, inclusive sobre os prejuízos ambientais pela retirada exagerada de água mineral do subsolo: http://socialistamorena.cartacapital.com.br/o-filtro-de-barro-o-capitalismo-e-a-seca-em-sp/

Análise de Frei Gilvander (com adição): A natureza do capitalismo [selvagem] é aferroar vidas o tempo todo e cada vez com mais veneno. O funcionamento do capitalismo exige expansão, crescimento sem limites. Isso é impossível pois a natureza precisa de tempo para se recuperar das agressões. Confira: http://www.brasildefato.com.br/node/28969

O TEMPO PODE APAGAR A MEMÓRIA DA NOSSA CIVILIZAÇÃO DIGITAL:
PERGAMINHOS, LIVROS, PINTURAS ETC. RESISTEM AO TEMPO, JÁ OS ARQUIVOS DIGITAIS...



O vice-presidente do Google e co-criador da web, Vint Cerf, declarou em um evento que está preocupado com as imagens e documentos que hoje estão salvos apenas em formato digital. O motivo? Ele acredita que esses arquivos possam ser perdidos em algum momento da história, à medida que hardware e software se tornem obsoletos.

“Formatos antigos de documentos que criamos ou apresentações podem não ser compatíveis com a última versão de um software porque a compatibilidade retroativa não é sempre confiável”, disse Cerf à BBC durante um encontro da Associação Americana para o Avanço da Ciência.

Para se ter ideia do tamanho do problema que Cerf vislumbra, o executivo declarou que teme que as gerações futuras possam não ter nenhum registro do século XXI, o que levaria a humanidade a uma “Idade das Trevas Digital”.

“O que pode acontecer com o tempo é que mesmo que acumulemos vastos arquivos de conteúdo digital. nós não saberemos do que se trata”, afirmou.
Cerf tem uma proposta para resolver o problema: a criação de um museu na nuvem que preserve digitalmente as características de cada software e hardware, para que mesmo que uma tecnologia se torne obsoleta, seus arquivos ainda possam ser acessados.

O conceito foi batizado de “pergaminho digital” e a ideia está sendo desenvolvida pelo pesquisador Mahadev Satyanarayanan, da Universidade Carnegie Mellon, nos EUA.

Enquanto essa questão não é resolvida, pode ser melhor você começar a imprimir suas fotos e arquivos mais importantes.

Fonte: http://blogs.estadao.com.br/link/segundo-o-pai-da-internet-e-melhor-voce-comecar-a-imprimir-suas-fotos-favoritas/






O TEMPO CÍCLICO DA HISTÓRIA
(pelo menos na teoria matemática deulofeuiana)

Indivíduo: nascimento-reprodução-morte... 
Nação: barbárie-civilização-decadência...

Alexandre Deulofeu (1903-1978) foi um filósofo catalão-espanhol que afirmou que as civilizações e os impérios passam por uns ciclos equivalentes aos ciclos naturais dos seres vivos. Cada civilização pode chegar a cumprir, no mínimo, três ciclos com 1700 anos cada um. Os impérios, compreendidos dentro das civilizações, têm uma duração média de 550 anos. Afirmou que uma vez conhecendo a natureza dos ciclos poder-se-ão evitar guerras e fazer com que os processos decorram de forma pacífica e não violentamente.

As ideias de Deulofeu estão relacionadas com as ideias de Nicolau Maquiavél, Oswald Spengler e de Arnold J. Toynbee, uma vez que também difundiram teorias sobre o carácter cíclico das civilizações, mas sem alcançar a medida matemática exacta apresentada por si.

Saiba mais:


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Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) o desenvolvimento científico-tecnológico trouxe a era da microeletrônica (miniaturização das máquinas e acessórios), fato que barateou os preços e facilitou a produção e o consumo em massa de diversos produtos.

Um relógio, automóvel ou aparelho de rádio na época de nossos avós eram construídos para ter uma vida útil bem maior (muitos funcionam até hoje, porém, nem sempre há peças repositoras). Atualmente, as indústrias fabricam produtos menos duráveis, a fim de incentivar o consumo de novos em curtos espaços de tempo. 


Contudo, pouco se pensa na energia gasta ou na eficiência em reciclar os resíduos dessa produção cada vez mais em massa. Sabe-se que algumas empresas de países ricos até exportam seu lixo para países mais pobres, a fim de escapar de leis ambientais.

"A História Secreta da Obsolência Programada" é um documentário franco-espanhol pra entender como os produtos são projetados e construídos para durarem pouco já há um bom tempo (não são só os smartphones) e como essa "regra" do sistema gera lixo para o planeta: http://www.youtube.com/watch?v=o0k7UhDpOAo&hd=1

E dentro dessa produção e consumo acelerados, as eras também parecem passar mais rapidamente. Norberto Bobbio, em O Tempo da Memória, afirma que os períodos culturais tinham uma distinção bem clara entre si e duravam muito mais tempo (como o classicismo e romantismo). A partir da década de 1950, há tantas tendências diferentes e passageiras que nem receberam um nome. São chamadas de "pós-modernismo", o que significa apenas que vieram após o modernismo (c.1900-1950).

Nicolau Sevcenko, em A Corrida para o Século XXI, ensaia sobre a questão do tempo lidado na sociedade contemporânea.

Segundo o autor, a humanidade vive uma sensação ou síndrome de "loop de montanha russa", ou seja, nossa noção de tempo histórico virou de ponta-cabeça. Essa época traz à humanidade a aceleração em escala multiplicativa e em reação em cadeia, quanto às mudanças (inovações tecnológicas), o surto dramático de transformações. Tudo é imprevisível, irresistível e incompreensível. Como dizia o compositor Renato Russo, o futuro não é mais como era antigamente (índios, 1986).


Preferimos não pensar nos prejuízos (econômicos, culturais, ambientais etc.), no entanto, devido ao ritmo acelerado dos acontecimentos, pode ser tarde demais para parar ou mesmo reconhecer o momento de parar, a fim de prevenir tais prejuízos.

O teólogo brasileiro Leonardo Boff, acerca das conferências internacionais da Rio+20 (2012), que discutiram temas sobre ecologia e desenvolvimento sustentável, esclareceu:

Acolheram a “grande transformação” (Polanyi) ao anular a ética, marginalizar a política e instaurar como único eixo estruturador de toda sociedade a economia; de uma economia de mercado, passou-se a uma sociedade de mercado, deslocando a economia real da economia financeira especulativa, esta comandando aquela. Confundiram desenvolvimento com crescimento, aquele como o conjunto de valores e condições que permitem o desabrochar da existência humana e este como mera produção de bens a serem comercializados no mercado e consumidos [...].

Por considerar tudo pela ótica do econômico que se rege pela competição e não pela cooperação, aboliram a ética e a dimensão espiritual na reflexão sobre o estilo de vida, de produção e de consumo das sociedades. Sem ética e espiritualidade, nos fizemos bárbaros, insensíveis à paixão de milhões de milhões de famintos e miseráveis. Por isso impera radical individualismo, cada país buscando o seu bem particular por cima do bem comum global, o que impede, nas Conferências da ONU, consensos e convergências na diversidade.

[Trecho do artigo de Leonardo Boff, Insuficiências conceptuais da Rio+20, ao jornal Capital Cultural, Rio de Janeiro-RJ, julho de 2012, p. 6]


A sustentabilidade é um conceito que deve ser desenvolvido pelo bem de todos.

Sevcenko nos alerta que não devemos nos conformar, sermos passivos com o mundo de mudanças super-aceleradas. Podemos resistir à elas e compreendê-las. A tecnologia não pode abolir a crítica, pois precisa dela para avançar. Dialogar com as inovações é ponderar sobre seu impacto, avaliar seus efeitos e perscrutar seus desdobramentos. Criticar é elaborar julgamentos para orientar ações. Sistemas que aboliram a crítica morreram por obsolescência tecnológica. A técnica deve ser também socialmente consequente, contudo o loop emudece a crítica tornando a técnica surda à sociedade.


O autor propõe um distanciamento do ritmo acelerado (para um melhor discernimento crítico dos fatos), a recuperação do tempo da sociedade ou tempo histórico (para avaliar as mudanças em curso e quem é beneficiado e prejudicado) e a sondagem do futuro (a crítica histórica ponderando com a técnica a serviço dos valores humanos para benefício da maioria).


Para enfrentar a "síndrome do loop" é preciso dobrar o tempo em passado, presente e futuro, já que tal síndrome abole a percepção do tempo


Ela também obscurece as referências de espaço. Eis o conceito de globalização: tudo se tornou um só espaço, devido a rede de comunicações e informações. Nesse espaço global, quem mais saiu em prejuízo foram as nações menos desenvolvidas economica e tecnologicamente.


Esse atual período de inovações e ritmo de tempo acelerado trouxe às nações mais desenvolvidas desequilíbrios, mas também muitos benefícios (aliás, os melhores do planeta). Porém, as demais sociedades foram levadas de roldão na celeridade tecnológica, ao custo de desestabilização das estruturas e instituições, da exploração predatória dos recursos naturais e do aprofundamento de desigualdades e injustiças.


Não houve tempo hábil, nem vontade política, para que a maior parte da população dos países menos ricos pudesse ser inserida no novo processo de modernização, gerando, assim, uma massa significativa de "excluídos digitais" (como os objetos industrializados, as pessoas também se tornam obsoletas para o sistema). 


O Brasil carrega há tempos esse descaso histórico-social. Nunca houve uma política de inserção socioeconômica, a exemplo de uma educação pública preparatória para o trabalho assalariado dos ex-escravos, após a Lei Áurea (eles e seus descendentes saíram das senzalas para as favelas).



Duas economias díspares no século XIX: Brasil agrícola-latifúndiário-monocultor-exportador-escravista e Europa industrializada com mão de obra livre, operária e assalariada.

Nosso país está inserido nas sociedades "em desenvolvimento" ou "emergentes". A "síndrome do loop" causa-lhe toda a excitação da correria às maravilhas do consumo proporcionadas pela tecnologia global, as quais nem todos podem comprar. Tal situação nos livra da crítica a esse estado, pensamos pouco sobre as consequências atuais e futuras. Se o controle e a administração das mudanças estão nas mãos dos países mais desenvolvidos, mais motivos possuímos para criticarmos a técnica.



Zeitgeist é um termo alemão que significa literalmente "O espírito da época, era ou do tempo". A moda intelectual ou escola de pensamento dominante que tipifica e influencia a cultura de um determinado período de tempo. Por exemplo, o zeitgeist do modernismo foi marcado pela arquitetura, arte, moda durante grande parte do século XX. O zeitgeist do século XXI, além das mudanças cada vez mais aceleradas que começaram no século anterior, é marcado pelo culto e dependência da tecnologia.

Fonte: "Diário da Tribo" (1997) e "A Dança do Universo", de Marcelo Gleiser.

Dois Poemas sobre o Tempo:




Ou no clamor triunfal, que todas me feristes!
E bendita, que sobre a minha cova aberta
Pairas, última, ó tu que matas e libertas!
(do soneto homônimo de Olavo Bilac).

Costumava-se colocar tal inscrição (título do soneto) em relógios de sol.




MAIS SOBRE O ANO QUE CHAMAMOS DE NOVO


Antiga moeda romana cunhada com a efígie do deus Janus

Em latim, “porta” se diz janua. Não é por acaso que o nome do mês da "entrada do ano", janeiro, faz referência a "Jano": o deus das passagens, entradas ou portas. No templo deste deus havia doze portas simbolizando os meses do ano. Os romanos pré-cristãos costumavam comemorar o Ano-Novo, 1º de janeiro, em homenagem a Janus ou Jano, filho de Apolo e da ninfa Creusa. Por ser uma divindade voltada para a paz, os romanos celebravam a passagem de ano presenteando uns aos outros, organizando banquetes e distribuindo votos de próspero ano vindouro. Como podemos notar, herdamos deles tal costume.



A palavra “réveillon” é de origem francesa e é usada para expressar a festa com baile e banquete (ou ceia) no Dia de Natal e principalmente na noite da Véspera do Ano Bom (31 de dezembro). Réveillon vem da palavra réveil, que significa "despertar". Também designava o toque de alvorada da corneta militar. Assim, réveillon é o “despertar de um novo ano”.


IEMANJÁ E AS SETE ONDAS

No réveillon brasileiro, percebe-se costumes trazidos pelos escravos africanos e praticados por eles tempos antes do descobrimento do país. Durante a passagem de ano, o ato de molhar os pés no mar é uma simpatia ligada à Iemanjá, o orixá (divindade afro-brasileira) dos mares e oceanos. Dentro do nosso sincretismo religioso, Iemanjá corresponde à Nossa Senhora. Eis o motivo de tal costume, pois o primeiro dia do ano é dedicado à santa católica. Porém, o dia de Iemanjá é 2 fevereiro. 


Na virada de ano, pula-se sete ondas porque o sete é o número cabalístico do candomblé que representa Exu, filho de Iemanjá (representado por Santo Antônio). Ele é a entidade responsável por “abrir caminhos”.



O BEBÊ DO ANO NOVO

A tradição de usar uma criança como símbolo do Ano-Novo foi de início adotada na Grécia Antiga por volta do ano 600 a.C. Os gregos desfilavam com um bebê dentro de um cesto representando o ano que nasce. O ritual era a representação do espírito da fertilidade, através do nascimento anual de Dionisio, deus do vinho e do teatro.

OS FOGOS DE ARTIFÍCIO








Os fogos de artifício são a marca de toda passagem de ano. Na China logo após a invenção da pólvora, durante a Dinastia Han (206 a.C.–220 d.C.), monges taoístas desenvolveram os primeiros fogos rudimentares para fins religiosos (afastar espíritos malignos). O engenheiro militar francês Amédée-François Frézier (1682-1773) publicou seu “Tratado sobre Fogos de Artifício” (1706), o qual por muitos anos serviu de consulta aos pirotécnicos. No Brasil, há registros do uso de fogos de artifício logo após 1500. As cores são obtidas pela adição de certos elementos químicos às substâncias pirotécnicas. Exemplo: Sódio (amarelo), bário (verde), cobre (azul), estrôncio (vermelho) e cálcio (alaranjado).



Na cidade do Rio de Janeiro (RJ), há o mundialmente conhecido show de fogos de artifício na Praia de Copacabana durante a virada do ano.

Só para lembrar: o hábito carioca de comemorar a virada na praia começou com os umbandistas, que durante muitos anos ocupavam sozinhos as areias para louvar Iemanjá. A iniciativa de fazer a festa na praia de Copacabana partiu da turma que acompanhava Tancredo da Silva Pinto, o Tata Tancredo, líder religioso, sambista (foi fundador da Deixa Falar do Estácio) e personagem fundamental da cultura carioca.

Era bonito ver a orla ocupada pelos terreiros e a noite iluminada por velas. O furdunço não excluía ninguém. Conheço ateus, católicas, crentes, budistas, flamenguistas, tricolores, bacalhaus e botafoguenses que, por via das dúvidas, garantiam ano bom recebendo passes de caboclos e pretas velhas nas areias, com direito a cocares, charutos e sidra de macieira.

Hoje a confraternização nas areias virou atração turística bacana, atrai gente de tudo quanto é canto, gera divisas e garante a ocupação da rede hoteleira. Em contrapartida, os atabaques foram silenciados e os terreiros buscaram alternativas para continuar batendo em praias fora dessa "centralidade turística", driblando ainda a intolerância do bonde da aleluia.

A elitização do furdunço é evidente nos espaços reservados nas areias, controlados por grupos privados. Um crime contra a cultura carioca.


Mojubá, Tata Tancredo, patriarca do Omolokô, herói civilizador da nossa gente!

Fonte: Luiz Antonio Simas via Facebook.

Na Véspera do Ano-Novo de 1971, uma churrascaria (a extinta Mariu's, situada na Av. Atlântica, no Leme) promoveu a primeira queima de fogos, de iniciativa empresarial, no bairro (evidentemente pessoas soltaram fogos bem antes disso, como os grupos de umbanda durante seus rituais na noite de 31 de dezembro). A partir do réveillon de 1976, o antigo hotel Méridien-Rio promovia uma cascata de fogos em seu edifício.

Somente com a união da prefeitura com a rede hoteleira, em 1981, a queima de fogos se tornou um evento oficial e tradicional na virada de ano carioca.




Fogos e vídeos de Reveillon:


A CORRIDA DE SÃO SILVESTRE

Todo fim de ano, os brasileiros acompanham a Corrida de São Silvestre que acontece sempre em 31 de dezembro na cidade de São Paulo (SP). A prova de 15 km é circular, pois começa e termina no nº 900 da Av. Paulista, às portas do prédio da fundação de seu idealizador, o jornalista e empresário Cásper Líbero (fundador do jornal “Última Hora” e antigo dono de “A Gazeta”). A ideia surgiu quando em 1924, durante uma viagem à França, Líbero assistiu a uma corrida noturna em que os atletas carregavam tochas. A primeira corrida aconteceu na passagem de 1924 para 1925. A partir de 1945, foi aberta a participação de estrangeiros. As mulheres correm nela desde 1975. Em 1989, a prova deixou de ser noturna e passou a ser praticada durante o dia.



SIMPATIAS NA VIRADA DE ANO

Na crendice popular brasileira, há diversas simpatias para serem feitas durante a passagem do ano. Por exemplo: jogar moedas para dentro ou fora de casa para atrair riqueza; subir com o pé direito num banquinho, degrau ou cadeira para subir na vida; pular só com o pé direito à meia-noite para dar sorte e colocar uma nota no sapato para chamar dinheiro. 

Há diversas simpatias de ano-novo envolvendo os alimentos, por exemplo: comer uma colher de lentilha no ano bom faz a pessoa crescer na vida (pois ela é uma planta que se desenvolve facilmente) e comer três uvas à meia-noite fazendo três pedidos garante a realização deles. A partir do réveillon, sementes de romã e folhas de louro devem ser guardadas na carteira durante todo ano para trazer dinheiro e sorte.


VOCÊS SABIAM QUE DURANTE UM PERÍODO NA ROMA ANTIGA O MÊS DE FEVEREIRO FICOU NO LUGAR DO DE DEZEMBRO?

O calendário de Rômulo [fundador da Cidade de Roma, em 753 a.C.] foi reformulado por Numa Pompílio [Segundo Rei de Roma, 753-673 a.C.], o qual, seguindo o exemplo dos gregos, estabeleceu o ano de 12 meses, mas introduzindo em primeiro lugar o mês de Januarius [que seria chamado de "janeiro"], dedicado a Jano, e em último lugar o mês de Februarius [fevereiro], dedicado ao festival da Februa, no qual os romanos ofereciam sacrifícios para expiar as suas faltas de todo o ano. Este foi o motivo por que o mês de Februarius foi colocado no fim. De certa forma, isso pode ter ajudado a criar as ainda vigentes resoluções de fim de ano, pois através delas prometemos nos livras de certos vícios e cultivar virtudes (deixar de fumar, emagrecer etc.) no ano vindouro.
Durante a passagem de ano, cada povo realiza simpatias típicas. Por exemplo, os austríacos jogam gotas de chumbo derretido na água, o objeto solidificado que se forma é guardado como amuleto por todo ano; os dinamarqueses sobem nas cadeiras e pulam delas para dar sorte; homens e mulheres escoceses que nunca se viram antes se beijam à meia-noite. As comemorações de ano-novo costumam ser muito barulhentas em diversas partes do mundo (toques de tambor, cornetas, apitos, fogos de artifício, etc.). Diversas culturas anteriores ao cristianismo diziam que os ruídos altos afugentavam maus espíritos. Por isso a Igreja proibiu tais festejos (considerados pagãos) no passado. Os portugueses saem às janelas das casas batendo panelas para festejar a chegada de mais um ano.

No folclore chinês há a história de um monstro mitológico chamado Nian. Ele dormia o ano inteiro no interior das florestas e só saía uma noite por ano para devorar o que encontrava (inclusive pessoas). Nessa noite, então, os habitantes se vestiam e enfeitavam tudo com a cor vermelha, pois era a cor que Nian detestava. Queimava-se também bambus, já que o som desta madeira estalando nas fogueiras repelia o monstro. Os bambus deram lugar aos fogos de artifício e a noite em que Nian desperta, desde a Dinastia Xia (c.2100 - c.1600 a.C), passou a ser o ano-novo chinês. Por isso, os chineses desejam o ano-bom dizendo Guo Nian! (Passagem de Nian!).


BEBIDAS ESPUMANTES


O CHAMPANHE

O vinho espumante (devido a presença do gás carbônico produzido na fermentação) mais presente no réveillon é o champanhe ou champanha (nome vinculado apenas às bebidas produzidas na região francesa homônima).

Era consumido pelos romanos desde c.79 a.C. Na Idade Média, acompanhou as festas de coroação de reis franceses em Reims. Mais tarde ganhou grandes apreciadores como Luís XV e Napoleão Bonaparte. Por volta de 1697, o monge beneditino Dom Pierre Pérignon ajudou a controlar a fermentação secundária (método champenoise). Hoje uma famosa série de champanhe leva o nome dele (a maison Möet&Chandon adquiriu a marca em 1936).

Contudo, antes de Pérignon, em 1662, o médico e cientista inglês Christopher Merret (c.1614–1695) documentou a formação de gás no vinho adicionando-se açúcar durante a segunda fermentação de certas uvas. Em 1816, madame Clicquot fundou o processo de industrialização do champanhe ao criar a tábua de revirar, que permite inclinar e girar as garrafas de modo a deslocar os detritos de cada uma tornando o líquido perfeitamente límpido, o que o tornou um vinho ainda mais nobre.


CHAMPANHE, UMA HISTÓRIA BORBULHANTE

A história do champanhe começa com a conquista da Gália pelos romanos. Eles levaram o vinho para Champagne e, como subproduto da construção das cidades, foram criadas as primeiras grandes adegas. Como explica Jean-Pierre Redon, da casa Taittinger:

"No século IV, para construir esta cidade [Reims], capital da província da Bélgica, chamada Durocortorum, necessitava-se de pedras. E essas se encontravam no subsolo, pois aqui toda a região é constituída de giz."

Foi em meados do século XIII, ou seja, 700 anos após os romanos terem esburacado Reims como um queijo suíço, que os monges beneditinos tiveram a ideia de utilizar as grutas resultantes como cavas, para melhor envelhecer o vinho. Para facilitar o acesso, fizeram portas e cavaram passagens entre as adegas.

Nos séculos XVI e XVII, o vinho de Champagne era conhecido na corte francesa por sua qualidade, embora ainda NÃO fosse efervescente.

Aqui entra em cena Dom Pérignon, mestre de adega da abadia de Hautvillers a partir de 1668. Ele foi o primeiro a empregar a técnica de assemblage, misturando diferentes tipos de vinho. E descobriu que era possível fabricar vinho branco a partir de uvas pretas, se as cascas fossem retiradas rápido o suficiente. Porém, o champanhe ainda não "fazia bolinhas".

Ao monge Dom Pérignon e seu ajudante Dom Ruinart são atribuídas algumas mudanças fundamentais na produção do champanhe. Entre as suas descobertas estão a mistura de diferentes vinhos da região, o uso de garrafas de vidro mais espesso, o uso da rolha de cortiça e a escavação de adegas profundas

Devido à situação geográfica de Champagne, ao norte do país, o tempo esfria muito rápido no outono. Isso pode interromper a fermentação do mosto, antes que todo o açúcar se transforme em álcool. Na primavera, quando a temperatura sobe novamente, o processo é retomado e o dióxido de carbono resultante torna o vinho espumante.

Esse fato não chamou atenção até o século XVIII, pois o vinho fermentava em barris e o gás escapava. Mas em 1728, Luís XV permitiu o transporte da bebida em garrafas. Foi então que o alto teor gasoso do champanhe se tornou perceptível, fazendo explodir as garrafas que eram sacudidas nas carroças durante o transporte.

Isso passou a ter consequências avassaladoras para os vinicultores, que até meados do século seguinte chegaram a perder 50% de sua produção. Entretanto, os ingleses, que já apreciavam o vinho champanhês "tranquilo", se lançaram avidamente sobre a novidade vinda da França e auxiliaram na fabricação de garrafas mais resistentes, a partir do século XVII, a exemplo do comerciante George Ravenscroft.

O próximo passo decisivo nessa evolução coube à Madame Barbe-Nicole Cliquot Ponsardin, uma negociante de visão. Seu mestre adegueiro, o alemão Anton von Müller, criou em 1813 um método para livrar o líquido do levedo. Para tal, desenvolveu os pupitres de remuage, onde as garrafas são mantidas com o gargalo para baixo e deslocadas a intervalos regulares.

E assim o champanhe se tornou a bebida cristalina e frisante que hoje conhecemos. E também um campeão de vendas. Enquanto em 1785 se vendiam centenas de milhares de garrafas, o volume de venda registrado em 1845 já era de 6,5 milhões.

Hoje o consumo é um múltiplo dessa cifra, sobretudo no fim do ano. A produção total de champanhe em 2008 foi de 300 milhões de garrafas. Segundo Redon, 65% das garrafas produzidas em um ano são abertas entre o Natal e o Ano Novo.


Fonte: http://www.dw.com/pt/uma-pequena-hist%C3%B3ria-do-champanhe/a-5071728

A SIDRA

cidra (com “C”) é o fruto da cidreira comum (Citrus medica). Porém, a sidra (com “S”) é uma bebida trazida pelos portugueses. Por ser bem mais barata e acessível que a champanha original, há tempos ganhou espaço nos festejos populares do reveillon brasileiro. Trata-se de uma bebida alcoólica, também espumante (presença de CO2), preparada com o sumo fermentado da maçã.



O CALENDÁRIO E A CONTAGEM DO TEMPO

Vamos comparar nossa contagem de ano com a de outras culturas mais antigas.

O calendário judaico foi iniciado em 3761 a.C. (Ano 1 dos judeus), época do patriarca Abraão. Tal contagem do tempo foi fixada bem depois, durante o cativeiro do povo hebreu na Babilônia, no séc. VI a.C. Portanto, eles estão nos idos de 5700. O ano-novo judaico antecede o Yom Kippur (Dia do Perdão ou da Reparação). Nele os judeus devem ficar 24 horas em jejum orando. A passagem de ano judaica é uma festa móvel. Acontece na lua nova entre os meses do outono do Hemisfério Norte. O nome original (em hebraico) do ano-novo judaico (que significa “cabeça do ano”) é Rosh Hashanah e sempre ocorre entre setembro e outubro.




Na China, durante o ano-novo, as casas são cuidadosamente preparadas, as lojas fechadas, as dívidas pagas, os ídolos de papel são trocados e faixas de papel vermelhas são pintadas com ideogramas de saúde, boa sorte, abundância, felicidade e proteção contra maus espíritos. A cor vermelha, que representa sorte, predomina nas decorações e nas roupas. Oferendas são feitas para as divindades e para os ancestrais, as pessoas trocam símbolos e tambores, pois o barulho é essencial para espantar os azares e as doenças. Soltam-se fogos de artifícios e são feitas procissões com lanternas.

O calendário chinês é o mais antigo ainda em uso. Implantado pela primeira vez por Huang Di, o Imperador Amarelo (que reinou de c. 2698 – 2599 a.C.), foi sendo aperfeiçoado ao longo do tempo. Esse calendário é cíclico, ou seja, se repete a cada 60 anos. O ano-novo da China, também chamado de Festival da Primavera (pois antecede a estação no Hemisfério Norte), é uma data móvel. Ocorre na primeira lua cheia do mês de fevereiro.

No Japão existe um ano-novo "maior" e outro "menor". O primeiro calculado pelo antigo calendário chinês (os primeiros sete dias do primeiro mês do ano), quando as pessoas usam roupas novas, visitam-se e trocam presentes entre si. Os altares xintoístas são decorados com flores e recebem oferendas. São servidos alimentos tradicionais à base de arroz regado a saquê. O ano-novo "menor" é associado a datas agrícolas e as celebrações envolve magias e simpatias para proporcionar boas colheitas como encenações ritualísticas do ato de plantar e colher, oferendas de bolo de arroz modeladas em forma de produtos agrícolas, ferramentas e animais, e também encantamento para espantar as pragas da agriculturas.

Em lugares onde a maioria da população não é cristã, como em diversos países da Ásia, o calendário ocidental foi adaptado às tradições locais ou adotado apenas para uso civil. Em tais países, o calendário tradicional é usado sobretudo para fins religiosos.

Por exemplo, na Índia existem mais de doze calendários (ao norte do país, o ano começa na Festa de Dîwâlî, no outono).


Em diversas regiões da Índia, o festival da virada de ano é o solstício de inverno (21 de dezembro). É um período de purificação cerimonial nos templos sagrados e de peregrinação aos templos vizinhos, ocasião em que levam oferendas e orações. O gado é enfeitado com guirlandas de flores e as pessoas se alegram com danças, músicas, presentes e comidas tradicionais.

Os vietnamitas comemoram o ano-novo, que eles chamam de Tet, no dia 10 de fevereiro.

Na Tailândia, o ano começa na metade do mês de abril.


Para várias tribos da Oceania, a exemplo dos polinésios, a aparição de Plêiades (conglomerado de estrelas da constelação de Touro) anuncia um novo ciclo anual.

 Na cultura dos mapuche - indígenas do centro-sul do Chile, sudoeste da Argentina e áreas da Patagônia -, o primeiro dia do inverno é sagrado, dito "We Tripantu" (novo nascer do sol), e representa para eles o ano novo. Diferente dos europeus e culturas do Oriente Médio, o inverno nos Andes começa por volta de 21 de junho. No entanto, semelhantes aos antigos povos do Hemisfério Norte, os mapuche também se preparam para o longo período de pouca luz e muito frio promovendo festins ao sol que se "enfraquece".


O calendário do Islã é diferente do nosso ocidental. O Ano 1 islâmico é a data da Hégira, que marca a fuga do profeta Maomé ou Mohamed (570-632) da cidade de Meca para Medina devido a perseguição religiosa. Isso aconteceu em 16 de julho de 622. Portanto, os islamitas - comparando com o nosso calendário - ainda estão nos idos de 1400. Meca e Medina (na atual Arábia Saudita) são as cidades mais sagradas do islamismo.




A Rússia utiliza o calendário do Ocidente para fins civis. Porém, como outros países cristãos do Leste sob a tradição da Igreja Ortodoxa, o ano-novo russo é também comemorado em uma data diferente do nosso calendário ocidental. O Dia de Ano-Novo (1º de janeiro) da Igreja Ortodoxa do Leste corresponde a 14 de janeiro em nosso calendário (o Natal deles é no nosso dia 07 de janeiro).


Na história recente da civilização ocidental, houve a mudança temporária do calendário na França durante o período revolucionário. Essa atitude tinha o objetivo de marcar a transição da antiga para a nova organização social. 

Em 1793, a 1ª República Francesa, durante a Convenção, criou um calendário próprio com várias especificidades, entre elas estavam os nomes dados aos dias (de plantas, flores, frutas, animais e pedras) e aos 12 meses de 30 dias (de acordo com a natureza, agricultura e clima). A fim de completar um ano de 365 dias, os cinco dias restantes eram feriados públicos dedicados aos cidadãos revolucionários das classes populares (sans-culottes). O início e término do ano era sempre no outono do Hemisfério Norte. Comparado ao calendário tradicional, o Natal e Ano Novo situavam-se no mês nivoso. Eis os meses do calendário revolucionário francês e sua correspondência ao gregoriano:

Vindimário (mês da colheita da uva ou vindima): 22/09 a 22/10
Brumário (mês da bruma ou nevoeiro): 22/10 a 20/11
Frimário (mês da geada, do francês: frimas): 21/11 a 20/12
Nivoso (mês da neve, do latim: nivosus): 21/12 a 19/01
Pluvioso (mês da chuva ou chuvoso, do latim: pluviosus): 20/01 a 18/02
Ventoso (mês do vento): 19/02 a 20/03
Germinal (mês da germinação nas plantações): 21/03 a 19/04
Floreal (mês das flores): 20/04 a 19/05
Prairial (mês dos prados, do francês: praire): 20/05 a 18/06
Messidor (mês da colheita ou messe): 19/06 a 18/07
Termidor (mês do calor, do grego: therme): 19/07 a 17/08
Frutidor (mês das frutas): 18/08 a 16/09
Dias dos sans-culottes: 17/09 a 21/09

O calendário foi abolido em 1805 pelo Imperador Napoleão Bonaparte.



O BUG DO MILÊNIO

Com a aproximação do Terceiro Milênio, ocorreu um fato singular no mundo contemporâneo. Nos antigos sistemas digitais, como no caso dos computadores, as datas eram armazenadas com apenas dois dígitos para o ano, ficando os restantes implicitamente entendidos como sendo "19". Por exemplo, o ano de 1989 era representado apenas com o número “89”. Assim, quando o calendário mudasse de 1999 para 2000 alguns computadores entenderiam que estavam no ano de "19" + "00", ou seja, 1900.

Os softwares mais modernos não tiveram problemas e passaram corretamente para o ano 2000, mas constatou-se que uma infinidade de empresas e instituições de grande porte ainda mantinham em funcionamento programas antigos, o que poderia gerar sérios problemas. Por exemplo, caso as datas realmente "voltassem" para 1900, clientes de bancos veriam suas aplicações dando juros negativos, credores passariam a ser devedores, e boletos de cobrança para o próximo mês seriam emitidos com 100 anos de atraso. Iniciou-se uma louca corrida para corrigir, atualizar e testar os sistemas antes que ocorresse a mudança do milênio. Contudo, houve poucas falhas apesar de ter gerado uma onda de pânico coletivo, especialmente nos países nos quais os computadores estavam mais popularizados. Hoje é considerado como um dos casos registrados pela história de pânico coletivo vazio de fundamentos, uma versão moderna do "temor do fim do mundo" que acometeu a Europa medieval na virada do ano de 999 para 1000. 

Nos países de língua inglesa, dentre outros nomes, o fato foi chamado de The Year 2000 Problem ou Y2K. No Brasil, foi denominado de Bug do Milênio. A palavra inglesa bug (inseto ou bicho) é geralmente utilizada para se referir a defeitos em sistemas eletrônicos, a exemplo de equipamentos e programas de computador. O termo se popularizou após serem divulgados casos de insetos que entraram nos primeiros computadores e danificaram os circuitos.




Para ganhar um ano novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.

É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.


(Trecho de “Receita de Ano Novo”, Carlos Drummond de Andrade)

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